A Flor
Parte I
A descoberta (14/01/14)
Passei a vida dizendo que não gostava de flores, acho que é porque eu nunca havia ganhado um botão de rosa sequer.
Passei a vida sem ama-las, até ganhar a phalaenopsis. Eu queria lhe dar um nome mais delicado, mas nomes comuns não combinam com flores então deixei de lado a ideia, embora toda vez que eu alisasse suas pétalas (que carinhosamente apelidei de orelhas) eu sentisse vontade de dizer um nome.
É bom admirar a phalaenopsis, ela nasceu para mim, parece me olhar e sorrir a todo momento. Sua pele roxa é bem mais deslumbrante que qualquer violeta.
Ela me trouxe alegria, um desejo de cuidar bem. Veio, de certa forma, em boa hora; quando não tenho mais ninguém.
Parte II
Estou preocupada. Temo que o calor esteja te prejudicando. No cartãozinho de orientações diz que você suporta até 30° graus e bem sei que já passam disso. Quero cuidar de ti mas não sei como fazer isso. Não vou suportar ver-te morrer já que suas orelhas afagam tão bem minha'lma.
Oh Phalaenopsis! Diga-me quando precisar de ajuda! Quero ver-te a sorrir!
Percebo que já estás a perder a cor e por isso vou mudá-la de ambiente, por mais que precise de sua energia pela manhã.
Boa Noite, continuo a olhar-te.
Parte III (31/01/14)
A despedida
Hoje pela manhã olhei a phalaenopsis e vi que mais uma de suas flores havia caído. Sempre tive medo que ela se fosse por completo. Avistei seu galho comprido e no alto ainda estava uma flor roxo claro olhando-me, como se estivesse apenas esperando o meu despertar para dizer adeus. Foi quando ao toca-la (como de costume) para afagar-lhe as orelhas, senti sua tristeza pela solidão e força para esperar por minha despedida. Assim que toquei-a, carinhosamente, ela caiu em minhas mãos, morreu em meus braços. Não podia acreditar, eu ficava procurando um jeito de encaixa-la novamente, queria fazer algo que a trouxesse para mim.
A phalaenopsis se foi...