Sobre o função (social?) do escritor

Como foi dito num comentário de um poema que publiquei (para quem quiser ver, eis o link: http://www.recantodasletras.com.br/poesias/4665407)

O leitor "Falcone" comentou em um determinado trecho (que aqui será trazido meio que fora de contexto, para facilitar o trabalho de quem escreve): "Seja bem Vindo ao time dos jovens capazes de mudar esta realidade caótica."

De fato, somos um time de pessoas capazes de mudar a nossa realidade caótica que nos cerca. O escritor é um daqueles que melhor percebe a realidade ao seu redor, com toda as suas nuances e deformidades. Como disse no meu perfil, (quem quiser ver, eis o link http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=154719) no seguinte trecho:

"Diferente e igual, apenas com uma sensibilidade pouco acima da média."

O escritor é munido da sensibilidade para melhor sentir o mundo ao seu redor e assim exprimi-lo em seus escritos. E considerar que ele foi um dos primeiros a atentar para a "realidade". Hoje, com todas as tecnologias, praticamente, qualquer um pode atentar para isso, fotojornalistas, p. ex., e isso facilitou muito o trabalho, além de difundir a realidade. Agora, é preciso se perguntar: hoje, qual é a função, papel do escritor. Porque não basta mais deixar o relato minucioso de como é a realidade, é preciso ir além, ter uma atitude e uma ação a mais que o difira. No século XX, por exemplo, excelentes escritores, pensadores, críticos, etc., lutaram numa daquelas que foi a guerra mais romântica da história, a guerra civil espanhola. Ernest Hemingway, Eric Arthur Blair (George Orwell, para os mais íntimos), Antoine de Saint-Exúpery, dentre outros. E graças a experiência (da realidade vivida no conflito), lançaram romances, novelas, memórias, falando a respeito do ocorrido. Ou seja, tomaram parte naquilo que acreditavam ser o certo, mesmo que não tenham obtido êxito nessa empreitada, o importante é que tomaram uma atitude, uma ação, foram além. Então, mais do que alguém que é um narrador, quando fala do mundo, é importante que o escritor tome parte como ator, realizando ações para tal. O escrito, relato, é apenas o primeiro passo e jamais deve ser o último.

Só assim, meu caro Falcone, é que será possível mudar a realidade caótica que impera não só em São Paulo, como no caso do poema, mas do mundo.

P.S. não é porque citei a guerra civil espanhola que é para sair às ruas com armas em punho para fazer la revulución. Este seria o último dos passos, o que tem de se evitar a todo custo e só deve ser tomado se todo o resto falhar e se caso seja perdida a liberdade. Ação para mudar a realidade é conscientização, é tomar parte em movimentos que parecem ser os corretos, que tenham um objetivo, uma finalidade boa e positiva, que traga retorno a nossa sociedade, é chamar atenção aos concidadãos sobre a importância do voto, uma das maiores armas que a democracia oferece aos cidadãos, é votar em ideias diferentes, plausíveis e determinadas, para mudar o ciclo de ping-pong que existe na política. É cada ação, como cidadão e como membro da sociedade, por menor que seja, que ajuda. É claro, não podemos perder o respeito, mas não podemos nos calar.

É como dizia Marthin Luther King Jr.

"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."

Com essa frase, encerro aqui o texto, deixando para reflexão dos que por ventura lerem: será que nós, ditos homens de bem (desprovidos do senso-comum que a muitos cega), estamos calados, passivos a todas as barbáries de todas as naturezas que acometem o nosso mundo, a nossa sociedade, ou estamos já falando, ou até mesmo gritando o que queremos?