Poesia e Internet
A Internet é uma grande feira livre. E há nela todos os produtos do mundo. O mercado invisível e abstrato se torna visível quando alguém quer comprar. Mas comprar o quê? Há gosto para tudo. O mercado é uma infindável troca entre oferta e demanda. Há os mercados em que predomina a oferta e tudo vende como pãozinho quente e o seu oposto, os mercados com predomínio da demanda, onde é tanta a oferta que os consumidores tornam-se exigentes em termos de qualidade.
Os produtos têm o seu ciclo de vida. Há produtos que são novos, que todo mundo tem curiosidade de conhecer, e outros que são antigos, em final de carreira, sem novidades. Entre os antigos, há os que tem demanda garantida. São produtos tradicionais, com interesse permanente, mas que são promovidos em determinadas ocasiões, como os chocolates, por exemplo.
Eu não gosto muito de chocolates. Tolero-os, como pedaços na páscoa, imaginando que posso estar comendo parafina com um pingo do chocolate verdadeiro. É um produto sofisticado no velho estilo desta palavra.
Mas, o que dizer deste outro produto, a poesia, a velha poesia, produto em final de carreira, sem novidades. Discriminada no mercado editorial, poderá a poesia ser reciclada, tornar-se um produto rejuvenescido na feira livre da Internet?
Tudo indica que sim, basta ver a enorme quantidade de poemas que são postados em sites de literatura, como o Recanto das Letras. Aqui os poemas dão um banho em termos de quantidade. O motivo do sucesso parece ser, principalmente, o formato da leitura, numa telinha de monitor que é em tudo desconfortável para textos mais longos, como contos. Uma poesia, curta e fina cai melhor nessa telinha, passa a sua emoção em poucas e belas palavras.
Como sempre, o mercado de poesia parece ser o mesmo. Poetas lêem outros poetas, eles se entendem e se consomem entre si. Afinal, é difícil viver de poemas. A poesia, hoje se encontra dispersa em outros campos, e os poetas, como sempre não conseguem, e talvez nem queiram se vender barato. E para quem precisa viver de poesia há sempre meios de se fazer necessário em outros ramos, como a publicidade, por exemplo.
Para os poetas a certeza de que serão sempre amadores. Um poeta não vive de poesia, mas vive para a poesia. E a Internet é um excelente local para ele vender o seu pequeno grande peixe.