NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO E MULTILETRAMENTOS:

RevLet – Revista Virtual de Letras, v. 05, nº 01, jan./jul, 2013

ISSN: 2176-9125

Duas tendências ou teorias:

a) NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO - NLS

CATEGORIAS Localização espaço-temporal

Final de 1970, início de 1980; América do Sul (Brasil), América

do Norte (Estados Unidos); Europa (Reino Unido)

Obras seminais:

Scribner; Cole (1981), Scollon; Scollon (1981), Heath (1983), Street (1984); Freire (anos 1970)

Conceitos-chave:

-Etnografia;

-Contexto social (local, situado);

-Letramento Autônomo X Letramento Ideológico

-Prática de Letramento (contexto, cultura, crença, identidade) e Evento de Letramento.

_____________

b) MULTILETRAMENTOS

CATEGORIAS Localização espaço-temporal

Metade da década de 1990; América do Norte (Estados Unidos);

Europa (Reino Unido) e Oceania (Austrália)

Obras seminais:New London Group (1996)

Conceitos-chave:

-Currículo responsivo; Ensino;

-Diversidade linguística e cultural; Tecnologia;

-Letramento (monomodal) X Multiletramentos (multimodal,

multicultural e multilinguístico);

-Design;

-Enquadramento pedagógico: Experienciamento, Conceitualização, Análise e Aplicação.

______________________________

NEW LITERACY STUDIES AND MULTILITERACIES:

DIVERGENCES AND CONFLUENCES

Raquel Bevilaqua 1

Mestre em Estudos Linguísticos

Universidade Federal de Santa Maria

(raquel@ufsm.br)

RESUMO: O letramento tem sido pesquisado por muitas e diferentes teorias e teóricos por

décadas. No entanto, mais recentemente, o foco desses estudos tem mudado da mente do

indivíduo para a prática social na qual os indivíduos participam. Esse novo foco tem sido

denominado de ‘virada social’ (GEE, 2000a) ou ‘virada sociocultural’ (LANKSHEAR, 1999), e

isso representa um novo paradigma em termos de estudos do letramento. Sob esse novo

paradigma, dois campos teóricos parecem emergir: os Novos Estudos do Letramento e os

Multiletramentos. Este artigo tem por objetivo realizar um estudo comparativo entre esses

dois campos teóricos uma vez que eles sugerem perspectivas diferentes para lidar com o

letramento. Para esse fim, uma revisão da literatura sobre ambos foi realizada e os

resultados sugerem que, apesar de eles terem designações e objetos de estudo diferentes,

eles compartilham as mesmas acepções teóricas e filosóficas.

Palavras-chave: Novos estudos do Letramento; Multiletramentos; Confluências e

divergências

ABSTRACT: Literacy has been researched by many and different theories and scholars for

decades. However, more recently, the focus of these studies has shifted from the mind of the

individual strictly to the social practice in which individuals take part. This new focus has

been called ‘social turn’ (GEE, 2000a) or ‘sociocultural turn’ (LANKSHEAR, 1999), and it

represents a new paradigm in terms of literacy studies. Under this new paradigm, two

theoretical fields seem to emerge: the New Literacy Studies and Multiliteracies. This paper

aims at making a comparative study between these two theoretical fields once they suggest

different perspectives to deal with the literacy itself. For this purpose, a literature review

about them was accomplished and the results show that even though they have different

designations and objects of study, they share the same theoretical and philosophical

assumptions.

Keywords: New Literacy Studies; Multiliteracies; Confluences and Divergences

Introdução

Nas últimas décadas, têm sido vastos e bastante diversificados as

discussões e os estudos sobre o letramento tanto em âmbito internacional (STREET,

2012, 2003, 1995; CAZDEN, C; COPE, B.; FAIRCLOUGH, N.; GEE, J.P. et al., 1996;

LEMKE, 1998, 2006; UNSWORTH, 2001; GEE, 2009, 2000a;b; COPE, B.;

KALANTZIS, M., 2000; HAMILTON, 2002; KRESS, 2003; LANKSHEAR ; KNOBEL,

1 Doutoranda em Linguística Aplicada.

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2011, 2007; JEWITT, 2008) quanto em âmbito nacional (SOARES, 2004; KLEIMAN,

2010, 2009, 2007; ROJO, 2009, 2008; MOITA-LOPES, 2010; MOTTA-ROTH, 2011).

Quando nos debruçamos, inicialmente, sobre esses estudos, somos interpelados por

uma série de concepções teóricas e conceitos que, tomados indistintamente, podem

levar-nos a pensar que os estudos sobre o letramento ora se constituem como

concepções teóricas bastante distintas entre si, ora parecem fazer parte de uma

mesma e única teoria. É a partir dessa aparente polarização 2 que concebo,

inicialmente, os Novos Estudos do Letramento (doravante NLS – New Literacy

Studies) e os Multiletramentos. Duas denominações que sugerem tratar-se de duas

teorias distintas, mas cujas concepções teóricas, como veremos, apresentam mais

pontos em comum. Diante dessas considerações, os objetivos deste texto são

compreender melhor as fronteiras entre esses dois campos e verificar em que

medida esses dois campos inter-relacionam-se.

O corpus de trabalho é constituído por quatro artigos provenientes de

periódicos internacionais, seis obras internacionais (publicadas a partir de 2000), um

artigo fruto de uma palestra sobre a relação entre os NLS e a Multimodalidade, e um

artigo publicado em uma página pessoal de um dos teóricos de ambas as teorias.

Esses textos foram delimitados pelas seguintes palavras-chave: New Literacy

Studies, Literacy e Multiliteracies. O presente artigo é, guardadas as proporções de

espaço, tempo e finalidade, uma revisão da literatura sobre ambas as perspectivas

supracitadas.

A metodologia de trabalho constitui-se em investigar as seguintes

informações referentes aos dois campos teóricos aqui considerados: a) localização

espaço-temporal; b) obras seminais; e c) conceitos-chave. Por meio dessas

informações, busco compreender as fronteiras entre ambos os campos teóricos e

ensejar uma comparação crítica entre essas três categorias (a,b,c) para verificar em

que medida essas campos teóricos estão relacionados. Dessa comparação,

proponho um quadro-síntese sobre as teorias e suas possíveis implicações para o

ensino.

2 O termo ‘polarização’ é por mim empregado para designar posições teóricas distintas quanto ao

entendimento e tratamento das diferentes teorias que tratam dos letramentos. Dionísio (2007), por um

lado, e Jewitt (2008) por outro, podem representar essa polarização. Enquanto aquela agrupa

conceitos teóricos de ambas as teorias indistintamente, sugerindo que se trata de uma teoria única,

esta traça uma linha divisória entre três campos distintos identificados por ela, quais sejam: os Novos

Estudos do Letramento, os Multiletramentos e a Multimodalidade.

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Este artigo está organizado em três seções: esta introdução, uma

segunda seção em que realizo o levantamento e as relações entre as informações

mencionadas; e uma terceira seção, em que proponho o quadro-síntese sobre

ambas as teorias e discuto, brevemente, as contribuições pedagógicas dos NLS e

dos Multiletramentos.

Letramentos: novos, múltiplos, contemporâneos

Nesta seção, explicitarei o que são os NLS e os Multiletramentos,

identificando a) sua localização espaço-temporal, b) suas obras seminais e c) seus

conceitos-chave. Antes de me deter nos conceitos-chave, porém, buscarei situar os

dois primeiros pontos acima. Posteriormente, identificarei os conceitos-chave de

ambas as teorias, tecendo considerações entre eles a fim de melhor compreender

suas relações e suas fronteiras epistemológicas.

Situando os NLS e os Multiletramentos no tempo e espaço

Para dar início a esta seção, busco situar, temporal e espacialmente,

ambas as teorias, relacionando-as com suas denominações. A denominação Novos

Estudos do Letramento foi cunhada por Gee (1991 apud STREET, 2003) quando

da observação que emergiam, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, na

América do Sul (Brasil), América no Norte (Estados Unidos) e Europa (Reino Unido),

estudos que focavam muito mais o lado social do letramento do que seu lado

cognitivo (STREET, 2003, p. 77). Logo, o atributo ‘novo’ está relacionado à ‘virada

social’ 3 .

Lankshear; Knobel (2011, p. 10-11), baseados em Gee (1996), reportam

obras seminais que originaram, ou foram originadas, a partir da virada sociocultural:

Scribner; Cole (1981), em “The Psychology of Literacy”, abordaram estudos de

Vygotsky e Luria sobre a cognição social, e também desenvolveram o conceito de

prática, sobre a qual discorrerei mais adiante, que viria a se tornar um termo-chave

para os NLS; Scollon; Scollon (1981), em “Narrative, Literacy and Face in Interethnic

3 No campo de pesquisa do letramento, ocorreu o que Gee (2000a) denominou de ‘virada social’,

também conhecida por ‘virada sociocultural’ (LANKSHEAR, 1999). A ‘virada social’ representou uma

mudança paradigmática: da mente do indivíduo, passou-se a considerar leitura e escrita a partir do

contexto das práticas sociais e culturais (históricas, políticas e econômicas).

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Communication”, trabalharam com teorias linguísticas e antropológicas para

investigar as relações entre as práticas sociais, visões de mundo, oralidade e

letramento; Heath (1983), em “Ways with Words: Language, Life and Work in

Community and Classrooms”, investigou os modos como o letramento está

imbricado em contextos culturais, empregando a metodologia etnográfica

(explicitada logo abaixo) para sua pesquisa. Finalmente, Street (1984), que viria a se

tornar um dos representantes mais exponenciais do NLS, em “Literacy in Theory and

Practice”, desenvolveu um trabalho que estabeleceu a etnografia como método de

pesquisa, cuja definição será explicitada no decorrer deste texto. Segundo

Lankshear (1999) e Lankshear; Knobel (2011, p. 5), os trabalhos de Paulo Freire

(como a “Pedagogia do Oprimido”, publicada nos anos 70) também tiveram um

grande efeito na constituição dos estudos do letramento. Freire, de acordo com os

autores (idem), denunciou as concepções tecnicistas do letramento, chamando a

atenção da comunidade acadêmica para a necessidade de uma revisão sociocultural

da teoria.

Alguns anos após o surgimento dos NLS, mais especificamente em 1994,

na cidade estadunidense de Nova Londres, New Hampshire, renomados teóricos,

sobretudo da Linguística e Educação, oriundos de três países - Estados Unidos,

Grã-Bretanha e Austrália - reuniram-se a fim de debater os sérios problemas pelos

quais o sistema de ensino anglo-saxão estava passando (COPE; KALANTZIS,

2000). Esse grupo de teóricos tornou-se mundialmente famoso pela

autodenominação de New London Group, ou Grupo de Nova Londres. Deste

encontro, resultou um documento denominado de “manifesto programático” (COPE;

KALANTZIZ, 2000, p. 164), construído a dez mãos 4 e cujos motes principais foram: a

crescente diversidade linguística e cultural presente nesses países (fruto de uma

economia globalizada) e a multiplicidade de canais e meios (modos semióticos)

de comunicação (resultado das novas tecnologias). Esses dois motes foram

responsáveis pelo prefixo multi, da denominação Multiletramentos (COPE;

KALANTZIS, 2000, 2009).

“A pedagogy of Multilietracies: Designing Social Futures” (1996) tornou-se

a obra seminal que, naquele momento, inauguraria a teoria dos Multiletramentos, ou

4 Os autores do texto, segundo Cope; Kalantzis (2000, p. 3-4), são: CAZDEN, C.; COPE, B.;

FAIRCLOUGH, N.; GEE, P.; KALANTZIS, M.; KRESS, G.; LUKE, A.; LUKE, C. MICHAELS, S.;

NAKATA, M., identificados como New London Group. Esses mesmos autores apresentam seus textos

na obra organizada por Cope; Kalantzis em 2000.

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ainda, a pedagogia dos Multiletramentos, como também é conhecida, voltada,

eminentemente, a um currículo responsivo social e culturalmente (COPE;

KALANTZIS, 2009). Diante dos motes principais do texto, os autores preocuparam-

se em realizar discussões acerca dos efeitos do contexto contemporâneo altamente

diversificado e crescentemente tecnologizado sobre a escola.

Diante dessas considerações iniciais, que visam a situar, no tempo e no

espaço, a origem de ambas as teorias, bem como identificar suas obras seminais,

passarei então à identificação e discussão de seus conceitos-chave.

NLS e Multiletramentos: conceitos-chave

Por entender que a constituição de um campo teórico se dá, entre outros

fatores, pela delimitação de objeto e metodologia de estudos, observo que as teorias

dos NLS e dos Multiletramentos, embora concebam o letramento a partir de uma

perspectiva sociocultural como objeto de estudos, não apresentam enquadramentos

teórico-metodológicos idênticos. Isso tem efeitos sobre o foco de suas pesquisas,

seus resultados e sobre as implicações de ambas para o contexto educacional.

Street (2012, p. 5) postula que um dos conceitos-chave que identificam os

NLS é o conceito de etnografia enquanto metodologia de pesquisa, conforme

pudemos depreender de suas obras seminais. Como campo de pesquisa, a

etnografia envolve “enquadramento, conceitualização, condução, interpretação,

escrita e relato associado com um estudo amplo, profundo e de longa duração de

um grupo social ou cultural” (STREET, 2012, p. 5). Enquanto metodologia, a

etnografia pode ser realizada em três níveis de uma escala descritiva (STREET,

2012, p. 5): no nível mais alto, o pesquisador assemelha-se ao antropólogo, cujo

trabalho enquadra-se nos princípios metodológicos descritos por Street, mais acima;

no nível intermediário, o pesquisador adota uma perspectiva etnográfica, cujo

enfoque não é tão abrangente quanto àquele realizado pelo antropólogo; por fim, na

base, o trabalho etnográfico do pesquisador corresponde ao uso de instrumentos da

etnografia.

Foi por meio de estudos fundamentados, metodologicamente, na

etnografia (em diferentes níveis) que os NLS elaboraram concepções de letramento

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autônomo e letramento ideológico 5 (STREET, 2003, p. 77), também termos-chave

para esse campo teórico. O letramento autônomo corresponde a um modelo de

letramento que desconsidera o contexto social, pois está centrado no ensino de

aquisição de habilidades e fundamentado em noções de neutralidade e

universalidade do conhecimento a ser transmitido. Segundo esse modelo, baseado

em uma visão de padrão (padronização 6 ), o letramento, por si mesmo, ou seja,

autonomamente, é capaz de produzir efeitos sobre práticas cognitivas e sociais,

sendo desnecessário considerar as condições sociais, culturais e econômicas

inerentes à vida social.

Para desafiar o modelo de letramento autônomo, os NLS propõem o

modelo de letramento ideológico, segundo o qual, na prática, o letramento varia de

um contexto a outro. Esse modelo compreende letramento como uma prática social

e não simplesmente uma habilidade técnica e neutra (STREET, 2003). Segundo

Street (idem, p. 78), o modo como as pessoas se relacionam com a leitura e a

escrita está ‘enraizado’ na representação dessas pessoas sobre o conhecimento.

Por essa razão, o letramento não pode, como pressupõe o modelo autônomo, ser

‘dado’ aos sujeitos; ele será, conforme demonstram pesquisas etnográficas mais

recentes (STREET, 2012), reformulado, reapropriado diferentemente de acordo com

o contexto em que estiver inserido e de acordo com a identidade dos sujeitos-

membros de uma comunidade.

Para Street (2003), o termo letramento, sob uma perspectiva ideológica,

apresenta-se como “problemático” (idem, p. 78) enquanto unidade ou objeto de

estudo, uma vez que esse termo está imbuído de pressuposições ideológicas e

políticas. Por essa razão, teóricos dos NLS elaboram os termos prática de

letramento, cunhado por Street (1984), e evento de letramento, termo originado de

trabalhos de Heath (1982 apud STREET, 2012, p. 7). A prática de letramento é

mais abrangente do que o evento de letramento, encapsulando-o; é definida como

uma concepção cultural mais ampla de formas de pensar e realizar a leitura e a

escrita em contextos culturais (STREET, 2003, p. 79). Já eventos de letramento

(HEATH, 1982 e BARTON; HAMILTON, 1998, apud STREET, 2003, p. 78) têm sido

definidos como qualquer ocasião em que a escrita desempenha papel fundamental

5 Antes de me deter sobre suas definições, esclareço que letramento, conforme depreendo das

leituras realizadas sobre os NLS, refere-se a práticas de leitura e escrita envoltas em prática sociais.

6 Impossível não notar a relação entre essa concepção e o old capitalism, referendado por Gee

(2000a), em que práticas de homogeneização de sujeitos e práticas sociais vigoravam.

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nos processos interativos e interpretativos entre os participantes, bem como

atividades em que o letramento tem uma função passível de ser observada;

correspondem, ainda, ao momento de composição de um dado texto (PAHL;

ROSWELL, 2012, p. 4-5).

Na figura abaixo, busco sintetizar parte dos conceitos-chave que

constituem os NLS discutidos até aqui.

Representação de prática e evento de letramento sob a perspectiva do Modelo Ideológico

A esfera externa é da ordem do ‘potencial’, do que poder vir a constituir

um evento, isto é, são as instâncias sociais, culturais, ideológicas e discursivas que

dão forma e materializam, no evento do letramento, os significados atribuídos ao uso

da leitura e escrita. A esfera interna é da ordem da atualização e, portanto, conforme

definem os teóricos, é passível de ser observável; é o uso do letramento na instância

social. Como pano de fundo, são inerentes ao modelo ideológico de letramento o

contexto social e as dimensões culturais e ideológicas que o constituem.

Embora letramento seja o objeto de estudos dos NLS e dos

Multiletramentos, este apresenta um enquadramento teórico que o distingue

daquele. Seu foco de atenção está centrado primordialmente no ensino do

letramento, ou melhor dizendo, dos multiletramentos. Para esse fim, os teóricos

formulam conceitos-chave à luz das profundas mudanças instauradas pelo ‘novo

capitalismo’ 7 e a ampla tecnologização que o acompanha.

7 O novo capitalismo (GEE, 2000a) apresenta mudanças profundas em relação às relações de

trabalho na nova economia. Essas relações preveem o sujeito não mais como mero ‘reprodutor’,

Prática de letramento: cultura, identidade, Discurso,

conjunto de práticas sociais; concepções amplas de leitura

e escrita (STREET, 2012, p. 7), que norteiam a

constituição do evento.

Evento de letramento: a instância

de uso do letramento; é mediado

pela escrita (o texto é sua

materialização).

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O conceito de Design 8 de sentidos é o eixo estruturador de toda a teoria

dos Multiletramentos, pois é por meio desse conceito que a teoria instanciará

concepções de construção de sentido, interesse, agenciamento e

multimodalidade, primordiais para o ensino requerido na contemporaneidade e

explicitadas no decorrer do texto. Segundo Cope; Kalantzis (2009, p. 175-6), o

conceito de Design fora instituído com o propósito de contrapor-se a concepções

tradicionais de ensino pautadas em uma visão estática e monomodal da linguagem

(foco na escrita). Design institui uma concepção dinâmica de representação (de

linguagem, de aprendizagem, de mundo), sendo definido como ato de construção de

sentido. Para os teóricos (idem), o conceito de Design apresenta uma dupla e feliz

coincidência de sentidos: estrutura (sistemas, formas e convenções de sentido) e ato

de construção de sentido (processo criativo pelo qual o sujeito, definido como

meaning-maker, ou produtor de sentido, constrói e representa sentidos, passando a

agente, designer de sentidos e não simples receptor de habilidades e

competências).

Design, então, se refere ao modo como as pessoas fazem uso de

recursos de significação disponíveis em um dado momento em um ambiente

específico de comunicação para realizar seus interesses (COPE; KALANTZIS, 2000,

p. 204). Da mesma forma como são teorizados pelos NLS, os sentidos são

constituídos por dimensões socioculturais e ideológicas, que variam enormemente

de um contexto a outro. Por isso, o conceito de Design é, segundo essa teoria,

central para a constituição de um currículo escolar atualizado com as novas

tendências sociais.

Antes de abordar os aspectos constituintes do Design, é importante

mencionar a questão da multimodalidade, que se refere aos múltiplos e

diversificados modos semióticos que, em concorrência com o modo escrito,

demandam atenção em uma sociedade altamente tecnologizada. A multimodalidade

representa um ponto de distanciamento entre as teorias. O conceito de Design

compreende que os sentidos são construídos por vários e diferentes modos, que

guardam entre si limites e ‘affordances’ (ou potencialidades) únicos. O modo escrito,

como no filme ‘Tempos Modernos’, mas como produtor, sujeito pensante, conhecedor do processo de

produção, participativo da cultura da corporação, pois tais características agregam valor aos

produtos, tornando-os, em última instância, mais atraentes e competitivos.

8 Em falta de um termo melhor em português, mantenho o original.

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bastante enfatizado pelos NLS 9 , não é, portanto, suficiente para construir, por si só,

o Design.

De acordo com Cope; Kalantzis (2009, p. 175-6), o Design é constituído

por três aspectos: Available Designs (recursos culturais e contextuais para a

construção do sentido, incluindo modo 10 , gênero e D/discurso); Designing (processo

de construção e recontextualização da representação do mundo por meio dos

Available Designs) e Redesigned (o mundo transformado em novos Available

Designs, que instanciam novos sentidos). Os autores esclarecem que esses

elementos não constituem um arcabouço teórico estático para a prática de ensino;

pelo contrário, o Design representa o sentido como sempre movente, contra as

noções inertes de aquisição e competência (COPE; KALANTZIS, 2009, p. 177).

A figura abaixo é busca representar o conceito de Design de acordo com

o que foi exposto:

Design de sentidos

9 Nos textos lidos, não há referência à multimodalidade, exceto no texto recente de Street (2012), em

que o autor busca traçar as diferenças e similaridades entre os NLS e a teoria da Multimodalidade,

defendendo que ambas as teorias podem beneficiar-se ao buscarem complementar-se (idem, p. 7).

10 O modo corresponde às diferentes formas de representar o sentido: linguístico, visual, espacial,

gestual, etc. A teoria dos Multiletramentos tem chamado a atenção para a relevância de modos outros

que não o linguístico apenas quando da prática de ensino (NEW LONDON GROUP, 1996, p. 80).

Neste sentido, ela compartilha muito do que a teoria da Multimodalidade tem investigado e proposto

(JEWITT, 2008).

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No processo de Design acima, figuram como pano de fundo a

criatividade, o dinamismo, a inovação, o interesse e a motivação do produtor de

sentido. Essas categorias são eminentemente culturais e ideológicas, pois estão

relacionadas com diferentes visões de mundo de diferentes sujeitos em diferentes

contextos. Essa visão do processo semiótico, definida como prospectiva por Cope;

Kalantzis (2009, p. 177), coloca a reapropriação criativa do mundo no centro da

representação e, portanto, do processo de aprendizagem.

Em termos de aprendizagem, tanto o texto de 1996 (New London Group)

quanto o texto de 2009 11 , também atribuído ao New London Group, segmentam seu

teor em três momentos: o ‘Por quê’ da pedagogia dos Multiletramentos (os motes já

mencionados), o ‘O quê’ (baseado no conceito estruturador de Design) e o ‘Como’.

Em relação ao terceiro momento, isto é, o ‘Como’ da pedagogia dos

Multiletramentos, os autores propõem um enquadramento teórico baseado na

compreensão de uma pedagogia contemporânea (NEW LONDON GROUP, 1996, p.

85), composto, originalmente, por quatro gestos didáticos (não hierárquicos nem

estanques): 1) Prática Situada; 2) Instrução Explícita; 3) Enquadramento Crítico; e 4)

Prática Transformada. Mais de uma década depois, devido a pressões de um forte

movimento reacionário na Europa e Estados Unidos, denominado de ‘Back to

Basics', esses elementos são renomeados e teoricamente redefinidos por Cope;

Kalantzis (2009) (ROJO, 2012, p. 30).

O primeiro elemento, ou movimento pedagógico, é denominado de

Experienciamento, denominado, no texto seminal, de Prática Situada (COPE;

KALANTZIS, 2009, p. 184-5). Pelo fato de a cognição humana ser

socioculturalmente situada e contextual, essa prática representa a imersão em

práticas significativas em uma comunidade de aprendizes, considerando-se as

necessidades socioculturais e suas identidades. Leva em conta aquilo que já é

conhecido pelos aprendizes e aquilo que é novo.

O segundo elemento, segundo Cope; Kalantzis (2009, p. 184-5) é a

Conceitualização (ou Instrução Explícita, no texto seminal), definida enquanto um

processo de conhecimento pelo qual os aprendizes se apropriam da teoria e de seus

11 Embora escrito por apenas dois dos dez membros originais do New London Group, “Multiliteracies:

new literacies, new learning” é um texto que, segundo Cope and Kalantzis (2009), revisita as

proposições do artigo seminal e possui a revisão e o aval de membros originais do New London

Group (2009, p. 167).

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conceitos; demanda que os aprendizes sejam capazes de mover-se entre do mundo

experiencial para o conceitual – sistemático, científico.

A Análise, designada, nos textos da década de 1990 e início de 2000, de

Enquadramento Crítico, constitui o terceiro elemento (COPE; KALANTZIS, 2009, p.

184-5). Esse movimento envolve certo tipo de capacidade crítica, entendida de duas

formas: análise funcional, baseada em processos de raciocínio, inferências,

conclusões dedutivas e relações lógicas entre os elementos textuais; análise crítica,

baseada na avaliação da representação do mundo, interroga as razões e propósitos

que estão por trás de um sentido ou ação.

Por fim, o quarto elemento, ou movimento, apresentado por Cope;

Kalantzis (2009, p. 185) é a Aplicação (anteriormente denominada de Prática

Transformada). Esta é dividida em aplicação apropriada, baseada na capacidade

de os aprendizes realizarem algo de forma previsível e esperada; e aplicação

criativa, baseada na intervenção no mundo de forma que considere os interesses,

experiências e aspirações dos aprendizes, causando uma transformação na

realidade circundante.

Esses elementos referem-se ao enquadramento pedagógico e evidenciam

o ponto central da teoria dos Multiletramentos, qual seja, a preocupação com o

ensino na contemporaneidade. Esse núcleo-motivador da teoria o diferencia, em um

primeiro momento, dos NLS, cujo foco está na compreensão daquilo que sujeitos,

em diferentes contextos (não exclusivamente o escolar), realizam por meio de

práticas mediadas pela escrita, isto é, foco no estudo do letramento e não no seu

ensino (STREET, 2012) 12 .

Na próxima seção, apresento um quadro-síntese com os pontos que têm

se mostrado mais relevantes quando da relação entre ambas as teorias e teço

algumas considerações referentes às implicações pedagógicas.

12 No entanto, os NLS têm buscado contribuir para as questões relativas ao ensino. Prova disso são

os textos em que Street e Lea (2006), Street (2010), Pahl e Rowsell (2012) se debruçam sobre as

questões pertinentes ao letramento em âmbito acadêmico e escolar à luz dos NLS bem como o texto

mais recente de Street (2012), em que o teórico busca evidenciar em que medida os NLS e a teoria

da Multimodalidade podem complementar-se para atuação, inclusive, em âmbito escolar. Como

esses textos não são parte do corpus revisado, não abordarei essas questões.

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Considerações finais

Na seção anterior, observei que os NLS e os Multiletramentos

apresentam pontos epistemológicos divergentes e confluentes. Em termos de

confluência, estarem inscritos na virada social do estudo do letramento talvez seja

ponto de encontro original entre ambas as teorias. O letramento, para ambas, é

constituído em práticas sociais e ideológicas e, por essa razão, não pode ser tomado

como um conjunto estático de habilidades e competências.

A proposição do modelo de letramento ideológico dos NLS desafiou, na

década de 1980, a visão tradicional sobre letramento. Esse modelo de letramento

combateu práticas de ensino então pautadas no letramento como conjunto de

habilidades e competências a ser, universalmente, transmitido (letramento

autônomo), chamando a atenção para as questões contextuais diversificadas em

que essas práticas ocorrem.

O conceito de Design, proposto pela pedagogia dos Multiletramentos,

está ancorado na concepção de modelo de letramento ideológico, proposto pelos

NLS, uma vez que enfatiza, entre outros elementos, a identidade do do produtor de

sentido, seu interesse e motivação na construção de sentidos. Esses elementos são

sempre contextualmente situados e, por isso mesmo, altamente diversificados em

relação a outros contextos.

Para o ensino, o modelo de letramento ideológico oferece uma ampla

perspectiva teórica que desloca o foco de atenção centrado em habilidades e

competências individuais para a pertinência das relações sociais e do contexto

cultural e ideológico a partir do qual sujeitos constroem sentidos. Na perspectiva dos

Multiletramentos, a cada novo processo de Design, o sujeito produtor de sentido

mobiliza recursos de sentido disponíveis, aos quais acrescenta suas especificidades

e peculiaridades construídas na interação social, que configuram sua identidade,

motivação e interesse, resultando sempre em um novo recurso recriado,

transformado, nunca meramente reproduzido.

Abaixo, proponho um quadro-síntese com os pontos já discutidos neste

texto. Sua função é possibilitar-nos visualizar limites e intersecções entre ambas as

teorias.

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ISSN: 2176-9125

CATEGORIAS NOVOS ESTUDOS DO

LETRAMENTO - NLS

MULTILETRAMENTOS

Localização

espaço-temporal

Final de 1970, início de 1980;

América do Sul (Brasil), América

do Norte (Estados Unidos);

Europa (Reino Unido)

Metade da década de 1990;

América do Norte (Estados Unidos);

Europa (Reino Unido) e Oceania

(Austrália)

Obras seminais

Scribner; Cole (1981), Scollon;

Scollon (1981), Heath (1983),

Street (1984); Freire (anos

1970)

New London Group (1996)

Conceitos-chave

-Etnografia;

-Contexto social (local, situado);

-Letramento Autônomo X

Letramento Ideológico

-Prática de Letramento

(contexto, cultura, crença,

identidade) e Evento de

Letramento;

-Currículo responsivo; Ensino;

-Diversidade linguística e cultural;

Tecnologia;

-Letramento (monomodal) X

Multiletramentos (multimodal,

multicultural e multilinguístico);

-Design;

-Enquadramento pedagógico:

Experienciamento,

Conceitualização, Análise e

Aplicação.

Quadro-síntese das teorias

Em termos de implicações pedagógicas, além das contribuições das

teorias dos NLS e dos Multiletramentos elucidadas acima, observo também uma

ampliação da concepção de linguagem, bastante diversa das concepções

behavioristas e cognitivistas que vigoraram até a década de 1980. Essa concepção

de linguagem, fruto da ‘virada social’ (GEE, 2000a), é pautada na base social e,

portanto, é ideológica, estando submetida a relações de poder; é aprendida

socioculturalmente; é altamente diversificada em relação aos diferentes modos de

sua representação - é multimodal. Nessa perspectiva, a linguagem, como recurso

para a construção de sentido, está à disposição do produtor de sentido, mediante

seu interesse, sempre constituído a partir de seu contexto de atuação.

Para finalizar este texto, concluo, com base nas questões discutidas, que

os Novos Estudos do Letramento e os Multiletramentos representam dois campos

teóricos para o estudo do letramento altamente imbricados. A separação não é

estanque nem permanente; pelo contrário, ambas as teorias possuem mais pontos

convergentes do que divergentes. Se considerarmos a origem temporal de ambas, é

possível deduzirmos que os Multiletramentos emergiram no seio dos Novos Estudos

do Letramento, compartilhando, com este, o novo foco no social. Assim, a postura

que assumo enquanto linguista aplicada é de reflexão sobre aquilo que um campo

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ISSN: 2176-9125

teórico pode oferecer ao outro e como isso se reflete em ganhos epistemológicos e

de prática pedagógica para a compreensão e ensino dos múltiplos letramentos.

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RevLet – Revista Virtual de Letras, v. 05, nº 01, jan./jul e 2013
Enviado por J B Pereira em 24/01/2014
Reeditado em 24/01/2014
Código do texto: T4662398
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