A POESIA É "O FIO DE VIVER" DE JOAQUIM MONCKS

Luciana Carrero (*)

Sobre o poeta Joaquim Moncks, numa feliz visão inserida no livro "Ovo de Colombo", o também poeta e editor Rossyr Berny, assim se expressa: "Sua criação é submetida a duras provas de qualidade literária. Cada um dos nascimentos aqui trazidos aos olhos e à emoção do leitor passou por árduo exercício."

Para os seguidores do site “Planeta da Poesia”, apresento um dos mais importantes poemas deste autor; poema que é autobiográfico do profundo que se passa na sua mente esmerada, ante os redis pessoais e universais a que somos levados pela expansão dos meios ao nosso dispor.

Muitas vezes com estranheza, mas audacioso, o poeta vai se adaptando e faz história, no registro das impressões do novo mundo, através do seu principal veículo, o poema, amparado da ferramenta instigante que tem às mãos e que projeta sua ideia ao mundo, em segundos. O que o espera, num futuro que ainda tem, não sabemos. Já não mais se estranhará tanto e todas as parafernálias servirão cada vez mais ao seu ofício. Trata-se de um poeta moderno, no sentido de hodierno e cumpre o seu caminhar.

Joaquim Moncks, ao escrever: "O choro da criança grita dentro de mim", está retratando o seu compromisso de renovar-se, nascer e renascer para a poesia e para o mundo. Isto é efetivamente o que faz dele um Imortal, na literatura.

Oportunamente publicarei uma obra prima deste autor, que é o poema "O Horizontal e o Vertical", extraído das páginas 58 e 59 da Coletânea "Poesia Geminada", editado pelo Instituto Cultural Português e lançado na mais recente Feira do Livro de Porto Alegre (2013).

(*) Produtora Cultural, reg. 3523, LIC/SEC/RS)

O FIO DE VIVER

Joaquim Moncks

O choro da criança grita

dentro de mim e

o poema surta coração

e palavra.

Exaspera-me a agonia

de estar antigo como

o insolente intruso.

Resisto: um tablet vazio,

nada de inscrição vivaz.

O rio dos sonhos transborda

– assim –

como um potro doido

afogando-se de luzes no mar

de plasma líquido.

Zás-trás!

E foi-se o mar de Pégasus

E com ele o centauro

que vivia no poeta...

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4655864