O SENTIR DIFERENCIADO

Já estive pessoalmente com Cristo Jesus, em horas de ansiedade, e ele é um homem diferenciado, espírito de muita luz traduzido em humano ser, desde o seu aparecimento sobre o planeta. E capaz de plena entrega ao semelhante, como preconiza João, o Evangelista. O amor ao Cristo é o AMAR SEM LIBIDO, enquanto que o amar dos humanos (o “eu e tu” dos poetas) é bem diferenciado do afeto idealizado e materializado pela nossa entrega ao espiritual. O amor, na maioria dos poemas – em todos os tempos – é aquele que a libido materializa e produz: o desejo de posse corporal sem medida. Todavia, é possível que algumas pessoas consigam entrega e doação para o ser crístico, no entanto, pode ocorrer que sintam medo do bicho homem, porque este é palpável, tangível, e capaz de causar danos... Examinar e valorar as vontades explícitas do eventual personagem, no cadinho da criação, não compete ao alter ego autor, quando elabora o seu poetar. Este falar diverso é a voz do Mistério – o único que, em verdade, chega à Poesia. Tanto a casta confraternidade quanto a arte de amar possui também patamares de pureza, porque o AMAR É FEITO DE RESILIÊNCIAS. E cada pessoa convive no mundo dos fatos segundo o concebido em sua essência pessoal. Ao poeta cabe registrar e, do mesmo modo, respeitar humildemente as diferenças do sentir...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

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