Afinal, o homem nasce bom?
 
Esta questão é alvo de reflexão, desde os primórdios da humanidade. Afinal, o homem nasce bom? Se for afirmativa a resposta, por que ele comete erros, pequenos ou graves? Esta última pergunta pode nos levar a conclusões precipitadas, pois sabemos que o homem comete deslizes de diversos graus. Porém, também temos conhecimento, que à medida que os anos passam, o indivíduo fica mais cauteloso, e costuma frear os impulsos. Mas, a pessoa se contém porque tem a natureza boa ou por adaptação social? Alguns se perdem, socialmente, regridem, e ficam sujeitos às punições formais da lei. E, estes representam o modelo a não seguido pela sociedade. É a escória da humanidade. Entretanto, na adaptação social, muitas vezes, encontramos oculta a maior das perversidades humanas. Indivíduos aparentemente corretos vestem-se em peles de cordeiros, mas usurpam os direitos alheios. Por isso, precisamos entender melhor sobre a adaptação social. E, achamos que a reação da sociedade, diante de fatos imorais ou virtuosos, também pode nos ajudar na elucidação da presente questão.
Por adaptação social, entendemos que é a construção e aceitação das regras de convívio entre os habitantes de uma determinada comunidade, cidade ou país. Porém, a elaboração dessas normas é permeada pelas relações de poder. Ou seja, os indivíduos tentam impor ou negociar as condições de convivência entre si. Entretanto, muitos indivíduos tendem a mais impor do que negociar. Então, partem para disputas, muitas vezes, em situações mais favoráveis do que a maioria da população, isto dependendo da demanda que está prevalecendo na comunidade. Por exemplo, o inventor da pólvora, provavelmente, conseguiu privilégios, que outros de sua época não obtiveram. E, é neste momento, que vemos o homem olhar apenas para si mesmo, e aproveitar da situação para estipular regras unilaterais, que são aceitas por necessidade ou opressão, e, não porque é melhor para a comunidade. Assim, essa lei fica sendo normal no cotidiano e passa a ser seguida por todos. Com isso, uns poucos ficam felizes enquanto a maioria fica infeliz. O grupo dos felizes não tem consciência, ou se faz de despercebido, que está isolado no paraíso, e que a maioria pena sem ação diante da injustiça. Este homem feliz age dentro da lei, mas podemos dizer que é bom?
Todavia, diante de algumas situações do cotidiano, o homem exprime sentimentos que revelam sua natureza íntima. Por exemplo, dificilmente, a cena de duas pessoas brigando será ignorada por um indivíduo que a assiste. Mas, uma mesma cena pode provocar reações diferentes. Por exemplo, se for de um jovem rapaz espancando um velhinho. A maioria que vê esta cena irá defender o velho, mas alguns podem apenas observar e prosseguir o caminho, sem interferir. Este sentimento solidário acontece independente de conhecer ou não as pessoas da cena. Outro exemplo é quando morre uma pessoa. A tristeza invade o homem sem pedir licença. Mas, se o morto era considerado uma pessoa boa, o sentimento é, extremamente, comovente. E do contrário, se a pessoa praticou atos desumanos, surge o sentimento de respeito ou de indiferença.
Concluímos que o indivíduo está sujeito ao erro. Mas, se valoriza no outro o ato virtuoso e repugna o imoral, provavelmente, ele tem algo que o inspira para, a cada dia, melhorar como pessoa. Assim, cremos que o homem não nasce bom, mas possui a semente do bem, que irá ao longo da vida, germinar a solidariedade, fraternidade, e o amor. Mesmo, depois de cometer o pior dos atos, ainda lhe restará intuição para o reconhecimento do erro e coragem para um novo posicionamento.





 
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 15/01/2014
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