AMAR É PEDRA-DE-TOQUE

Depois da chama extinta na pele, o poema nasce, à flor das cinzas, uma verdadeira fênix... E permanece como escultura em pedra de boa cepa, perene e rotunda, docemente sem arestas. Feliz de quem pode propor-lhe vida: autor e leitor... Porque, sem o receptor, o segundo polo da relação literária, a proposta poética inexiste, ou não tem asas para voar além da palavra. Os signos exsurgem natimortos, mesmo que no mundo dos fatos arrestem-se, de rastros – cabeça, e tronco e membros – no universo dos direitos autorais... Todavia, no espiritual do criador, permanece pura a pretensão de beleza e eternidade. A aresta continua não sendo intrínseca, mas – e sempre – alumia-se no escoar dos olhos analíticos...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2013/14.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4649221