Meu Simca Chambord
Marcelo Nova não tinha medo de cara feia, não, e ao lado de Raulzito em ''A panela do diabo'', escrevia o sacro e o profano... mas esses caras têm história pra contar...
A música que destaco, é ''Simca Chambord'', curto muito as bandas alternativas dos anos 80, e escolhi essa música porque admiro a reflexão da letra em relação a um cenário político que marcou a história do Brasil.
Ouvindo Simca Chambord,percebi que a letra contêm elementos de protestos contra a censura, narrada em fatos comuns da sociedade da época...
Como nesse trecho:
''Meu pai comprou um carro,
Ele se chama Simca Chambord.
E no caminho da escola eu ia tão contente,
pois não tinha nenhum carro
Que fosse na minha frente.
Nem Gordini nem Ford
O bom era o Simca Chambord.
O presidente João Goulart,
um dia falou na TV
que a gente ia ter muita grana
para fazer o que bem entender.
Eu vi um futuro melhor,
no painel do meu Simca Chambord...''
A imprensa avisava prosperidade, nas rádios e televisões..
A euforia de dias melhores se espalhava pelas ruas, tática do Governo para disseminar ufanismo eufórico à população.
''(...) mas eis que de repente, foi dado um alerta, ninguém saía de casa e as ruas ficaram desertas. Eu me sentí tão só, dentro do Simca Chambord!''
Pois a realidade não estava tão boa assim, haviam coisas escondidas nas sombras de informações, mortes não eram anunciadas e pessoas desapareciam...
As canções da época eram muito bem escritas, usavam da ambiguidade a forma perfeita de expressão, porque como já diz um velho ditado ''Para um bom entendedor meia palavra basta''.
E de pensar que era proibido expressar sua opinião livremente, hoje em dia pode-se falar o que quiser ( o que quiser mesmo!!!). Ninguém vai te bater por isso!
''Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.'' Um camarada chamado Voltaire já dizia isso.