Ensaio*-Preconeito*
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SACO DE PANCADA*
" O sertão (*nordeste) é sem fim. O sertão
( nordeste ) está em toda tarde; o sertão
( nordeste) tá dentro da gente (...)"
João Guimarães Rosa
Preconceito - é o conceito antecipado, opinião, formada sem reflexão;
superstição ; prejuízo.
As principais formas são: raciais, sociais, sexuais.
Atualmente surgiu um aviso preconceituoso de um grupo de Santa Catarina, quando professa aversão supra preconceituosa contra os baia
nos, ferindo a todos nós NORDESTINOS. O que chama atenção é que es
ses cidadãos querem agir como( um outro cidadão do passado que deveria está esquecido ) Hitler que exterminou e perseguiu os judeus.
Querem, com um aviso, mostrando sua articulação programada exterminar os nordestinos, em nome da ordem, trabalho e honestidade.
PODE ISSO?..
Num passado presente, o ministro Graziano, "sem intenção" de desqualificar os nordestinos ao associar numa frase infeliz, diz que a migração estimula a violência e a degradação Urbana de São Paulo. O preconceito contra os nordestinos existe há bastante tempo; quando são vistos como gente que não são dispostos a trabalhar e prosperar, sendo
estorvos. Geralmente chamados de Paraíbas e Baianos, transformando
em adjetivo genérico e negativo para todos os nordestinos.
Em anos passados, vimos e sentimos na pele o preconceito, quando na
votação da Presidente Dilma. Uma jovem postou algo sobre o descompro
misso e ignorância dos nordestinos que a fez ser eleita.
Em outro momento, o ano passado um apagão atingiu o nordeste. E um internauta assinando "humornegro" postou; "apagão no nordeste, e
só agora fui descobrir que lá tinha luz elétrica kkkkkkkkkkk".
Já @hadoucken escreveu "gente, não sei pra'que zuar o nordeste pelo
apagão, quem vê pensa que eles tem tanta coisa assim pra ligar tomada".
Em outro momento, nas eleições repetiu-se a agreção aos nordestinos
na rede social Tuitter, quando jovens das camadas ricas de São Paulo veicularam mensagens insultando nordestinos ao votarem em Fernando Haddad-PT;
"OS FILHOS DA PUTA dos nordestinos vem para São Paulo, vota no Haddad, e depois vão ao governo pedir pra voltar porque está passando
fome em São Paulo".
Mas o que causou indignação foi a publicação de Mayara Petruso quando diz "Nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado".
Esses fatos são recorrentes desde séculos passados, e hoje aparece de forma bastante forte, nas artes, músicas, novelas.
Isso, visto já nas músicas de Luís Gonzaga e Humberto Teixeira quando em 03/03/1947, na música Triste Partida - Obra emblemática
no que diz respeito a identidade nordestina, representando o que o nordestino pensa e sente; seu modo de vida, suas experiências existenciais, sua luta constante contra a fome, a seca e a opressão. Dentro de uma leitura temática, enquanto linguagem cantada por muitos, foi eleita em primeiro lugar pela Academia Brasileira de Letras em 1997.
Luís Gonzaga não só cantou o Nordeste, como tantos o fizeram, mas também assumiu a linguagem estigmatizada do nordestino, transformando em estereótipo, bandeira de identidade, "orgulho de ser
Nordestino" o falar nordestinêz ( que representa um português estereotipado e desvalorizado por representar a decadência, o subdesenvolvimento, a fome.
Ao valorizar a linguagem nordestina em sua totalidade, há uma entonação pragmática e ideológica no uso das palavras, que para se apresentar reforça seu estilo nordestino de ser, usando uma que representaria o nordestino, uma indumentária usada pelo vaqueiro, e um chapéu de cangaceiro, além de uma sandália de couro conhecida como sandália de Rabicho.
Essa construção do nordestinêz, com seu sotaque tão explorado pelas novelas e programas de TVs.
Segundo BAGNO (Um grande nordestino) "É um verdadeiro acinte aos
direitos humanos, por exemplo, o modo como a fala nordestina é retratada nas novelas, principalmente a Rede Globo.Todo personagem é sem exceção um tipo grotesco, rústico, atrasado, criado para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e do espectador.
No plano linguístico, atores não nordestinos expressam-se num arremedo de língua que não é falada em lugar nenhum do Brasil muito menos no Nordeste, e representa uma forma de marginalização e
exclusão, (já que todo signo é ideológico) e a diáspora nordestina é difícil
em terra estrangeira, marcada pela opressão, pobreza, discriminação e infelicidade, o que causa a vontade de voltar para sua terra, reforçando o
preconceito contra o nordestino, QUE NÃO SE INTREGOU AO NOVO, E SAUDOSISTA VOLTA."
Talvez essa obra tenha ficado no imaginário dos que não entendem, e ao longo do tempo passou a reforçar o preconceito de como se vê o nordestino.
Percepção de ser o nordestino um matuto
Percepção de ter o jumento como "irmão"
Percepção de ser o nordestino um homem atrapalhado com o mundo da cidade,
Percepção do nordestino ser um ser simplório, desconectado com as transformações que se passam no mundo.
Percepção de ser o nordestino um homem moralista e machista.
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* A palavra nordeste,foi acrescentada por mim, não consta na frase
Guimarães Rosa.
Alzira Paiva Tavares
Olinda 09/11/2013