INTERTEXTUALIDADE TACANHA
Por Ubirajara Sá
Acho que não há quem esteja totalmente satisfeita com a vida! Não sei... Talvez eu esteja errado, mas vejo a vida por outro prisma que não os normais. Venho passando por momentos indefinidos; momentos irreconhecíveis; momentos estúpidos. Só posso denominá-los dessa forma. Não tenho cabeça para encontrar um tema para a minha tese de mestrado. Já tomei cervejas; já li muitos trabalhos efetuados por esmerados PÓS – trabalhos “importantes” sobre diversos temas -, mas nunca vi nada que fosse diferente, na sua essência, um do outro. Sempre um intertexto que Júlia Kristeva colocou no nosso caminho. Não há uma invenção; sempre lemos o que outros falaram, com máscaras adjacentes. Só e somente só isso!
Tenho um professor equidistante, que me espera com certa pressa, e é aí que eu “piro”. Dá-me um branco; uma transparência cerebral tal qual a dos moluscos que soblocam o fundo do abissal. Aqueles que agente vê na telinha de TV, quando mergulhadores mais afoitos vão ao fundo do mar e filmam tudo que está à sua frente para mostrar ao telespectador, com arte, diferentes bichos e, entre eles, um cabeçudo transparente, de corpo brilhante; que ninguém explica o que é. Pois é! É assim que eu me sinto: como um daqueles bichinhos irreconhecíveis; diferentes moradores do fundo do oceano.
Sou um molusco transparente; do abissal; do sem fim. Não me sinto diferente, neste momento. Sei que tenho de enviar o meu plano de tese, afinal fiquei em terras lusas por tanto tempo para concretizar o meu sonho... fui para tirar o meu canudo e completar minha passagem por aqui. Para não me ir com o soma desprovido do saber; com a minha psique dislexa. Afinal, somar é preciso; andar juntos não é preciso. Caminhar unidos é preciso; caminhar lado a lado talvez não seja preciso. A união faz a força, e eu, sem somar, sou um ser inoperante. Por isso estou perdido. Não sei copiar, não sei fazer o que já está feito só para mostrar que “sei” algo. Escrever o que já foi escrito... como é triste não encontrar o novo! Eu gostaria de escrever uma tese sobre alguma coisa que, depois de escrita, eu visse posta em costume nas mãos do povo; dos alunos; dos mestres...
Humberto Eco falou em uma de suas obras: “A Tese é um monte de papel escrito ao longo de muito tempo e que, depois, os catedráticos olham e depositam no fundo da gaveta”. Se não foi com essas palavras; o sentido foi o mesmo. E eu fico pensando: por que tanta “pompa”; tanto sacrifício para se escrever sobre alguma coisa que alguém já falou? O texto está ali, na minha frente... Talvez seja porque sou estúpido; por viver embriagado por coisas novas; por não ser “papa ovo” de alguns “Mestres” que se postam no altar a fim de sacrificar qualquer noviço que se atreva colocar em seu caminho alguma coisa que não seja a intertextualidade tacanha dos seus escritos. O grande “Mestre” honra-se quando vê suas ideias em outra ideia, ipsis litteris; ipsis verbis.