FALANDO SOBRE LIBERDADE
Uma das maiores provas de que Deus nos ama é a liberdade que Ele nos concede. É na liberdade que construímos o nosso futuro. É através da liberdade que você escolhe quem entra na sua vida, quem não entra, quem sai dela e quem permanece.
Somente você pode decidir por você. O direito de decidir é seu. Deus nos doou a liberdade para que sejamos os protagonistas da nossa história. É a própria pessoa quem pode e deve decidir por si mesma. Para isso, basta que esteja em pleno domínio de suas faculdades morais e intelectuais.
A nossa vida não é fruto do acaso. O nosso futuro não será consequência de forças estranhas a nós. A única força exterior que influencia a nossa vida é a força divina, se assim o quisermos. Mas, essa mesma força está dentro de cada um dos seres humanos. A nossa vida é feita de escolhas.
Santo Agostinho, após a conversão, após uma vida intensa (desfrutando uma intelectualidade admirável e os prazeres que o mundo oferece, sem encontrar a água que saciasse a sua sede interior), disse convictamente: "Não queiras ir lá fora! Volta-te para ti! No interior do homem mora a verdade". Essa verdade, segundo Agostinho, é Deus. Deus está fora, mas está, também, dentro de nós. Precisamos, pois, mergulhar – humildemente – no nosso interior para encontrarmos as respostas que tanto desejamos e procuramos.
Santo Agostinho, antes de se converter ao Cristianismo, para a lógica da nossa sociedade, era um homem vitorioso e de sucesso. Ele era um bom orador, um excelente intelectual, um bom professor; gostava de se divertir. Não tinha nada a invejar dos outros homens. No entanto, ele não se sentia feliz, realizado. Por isso, ao se converter, com a ajuda de Mônica, sua piedosa e religiosa mãe, afirmou ter encontrado muito tarde o que tanto procurava. Procurava lá fora, enquanto estava dentro dele O que ele buscava.
Nunca devemos deixar que outras pessoas decidam o que é bom para a nossa vida pessoal. Os outros poderão até opinar, mas é o indivíduo quem decide.
Tenho a ousadia de, após falar religiosamente, citar um filósofo ateu, chamado Sartre. Ainda que ele afirmasse, categoricamente, a não necessidade de Deus no mundo, penso que, em certo sentido, ele tinha razão, quando dizia: “Estamos sozinhos. Ninguém pode decidir por nós. Ninguém pode viver a nossa vida. Somos responsáveis por aquilo que somos”.
É claro que eu não acredito que estejamos sozinhos. Acredito na ação providencial de Deus na minha vida, na vida das pessoas. No entanto, aproveito o pensamento de Sartre, em parte, para dizer que ninguém vai viver a nossa vida; ninguém pode saber o que é bom para a nossa vida pessoal. Somos nós que sabemos. Somos nós que decidimos. Somos nós que vivemos. Deus está conosco, mas Ele respeita a nossa liberdade de escolha. Ele nos ama, mas nos dá a liberdade para aceitá-Lo, ou não. Deus não vai decidir por nós.
Assim, Deus nos inspira, nos orienta, nos ilumina. Entretanto, é fundamental que estejamos abertos para enxergarmos a ação de Deus na nossa vida. Ele não vai nos obrigar a nada. Ele não vai nos obrigar a ver. Precisamos aprender a interpretar os sinais que Ele nos oferece.
A liberdade é um tesouro pessoal inalienável. É na liberdade que devemos viver.
Sendo assim, aquele que ama a Deus ama a liberdade do seu semelhante; age respeitando a liberdade do outro.
Para finalizar, deixo uma frase de Sartre: “O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”.