Cultura

Cultura

Entende-se cultura normalmente como saber, conhecimento em maior ou menor grau. Aqui vamos entender cultura como os registros cerebrais acumulados por um indivíduo (este cidadão é culto, fez tais e tais cursos...) ou por um grupo social e/ou uma comunidade.

Cultura, uma palavra que deriva de cultivo – o cultivo do arroz que representa a cultura do arroz. Temos então que os registros cerebrais são cultivados aleatoriamente no processo vital ou cultivados sistematicamente pelas circunstâncias ou por decisão individual ou do grupo e/ou comunidade. Estas decisões se confrontam com interesses díspares, ou seja, basicamente dois fluxos de ação: os que se interessam por minimizar a ignorância que nunca se elimina ou pelos que mantém esta ação sistemática com o objetivo de moldar o sujeito da ação a seus próprios interesses e os que tentam de modo geral sem grandes resultados liberar o sujeito da ação para que este tenha ampla capacidade cognitiva e caminhe por seus próprios meios. Enfim, gerar indivíduos ou pensadores livres dentro de princípios morais e éticos incluídos no processo de cultivo. Um fato importante a destacar é que liberdade absoluta não existe. O homem é um animal gregário e, como tal, sempre se deverá ajustar aos usos e costumes do grupo a que pertence.

Este, um panorama geral do que entendemos por cultura. No cotidiano de nosso país – o Brasil – temos basicamente três tipos de cultura: a cultura do ócio que caracteriza a área das grandes propriedades latifundiárias; a cultura do trabalho que resulta nas pequenas propriedades rurais e, que sem alternativas, o pequeno proprietário de um modo geral imigrante alemão, italiano, japonês, e outras etnias que o imigrante trás alguma mão de obra qualificada e plantam as bases para os grandes centros urbanos de médio porte e que, no fundo, são os maiores responsáveis pelo o que o Brasil é hoje. Eles não fizeram a pátria, construíram uma pátria. À diferença de nossos primeiros invasor-colonizadores eles se deslocaram de seus países de origem não para obter proveito. O fizeram para começar tudo de novo e desenvolveram suas atividades de modo brilhante. Contribuíram decisivamente para fazer o nosso país.

E temos a cultura do pecado, herança de nossos colonizadores que de alguma forma contribuíram para a dimensão continental do Brasil, um legado, sem dúvida, muito positivo cujo mérito se deve ao chefe da igreja católica – o Papa – que, como representante divino era o dono destas terras e firmou ou induziu a firmar o tratado de Tordesilhas. Outro aspecto a destacar é o idioma que, no plano nacional, é homogêneo e este fato é também muito positivo. Quanto aos nossos primeiros invasores há que se ressaltar que ninguém muda o passado. A invasão ou descoberta foi realizada por uma comunidade que reunia um milhão de habitantes em plena época mercantilista e que as circunstâncias não viabilizava um colonização via migratória.

Pois é através da cultura do pecado que se estimula a alienação, a ignorância e a fé, esta última, como convicção, crença cega em especial no sobrenatural, ou seja, algo intangível e inexistente porque impossível comprovar com os sentidos e até mesmo com aparelhos ultra-sofisticados para corrigir ou permitir o amplo uso dos sentidos. Por exemplo, a alma, algo explorado com ausência de quaisquer escrúpulos, quando se divulgou por interesses escusos que o silvícola, índio não tinha alma e, portanto poderia ser escravizado, estrupado, morto, torturado. Quando o índio se tornou inviável saíram a caçar ou comprar nossos ancestrais na áfrica. Pessoas com pele preta também não tinham alma e, portanto, como animais, poderiam e deveriam ser tratados.

E todas estas ações, normalmente chanceladas pelos divulgadores da fé e das punições do pecado. Exemplo: um pecador capital que não se submeter à confissão do pregador e conseqüente absolvição. A alma do dito torrará eternamente nos confins do inferno. O crente em sua fé inabalável crê que este fato é real e se submete às exigências de absolvição ou então de jamais correr o risco de que isto lhe aconteça. E para isto paga em dinheiro e/outros bens materiais. Ora, de tudo isto que este pequeno exemplo nasce grandes fortunas que, livre de impostos, acumulam-se nas mãos dos donos da verdade aceita pelos ignorantes e também donos das instituições que são proprietários ou usuários através de todos os meios de comunicação e persuasão – sermões, cultos, mídia, rádio-televisão, currículos escolares, meios de educação particulares ou públicos. É uma sistemática campanha para inserir os registros cerebrais. Tudo assegurado pela nossa constituição e pelo direito à livre expressão e à liberdade de culto. Algo precioso que devemos preservar. Nada contra. O que se poderia fazer é tributar e carrear recursos para educação, saúde e obras sociais e de infraestrutura. Um sonho difícil de materializar em face dos interesses em jogo. Resta-nos portanto a alternativa de se conscientizar.