A Lenda do Mapinguari

O Brasil é um país de dimensões continentais, e em cada uma das cinco Regiões existem povos, tradições e costumes bem diferentes. Quem viaja logo percebe essas diferenças nas músicas, culinária, jeito de vestir, sotaque, aparência das pessoas e em muitos outros aspectos. Essa enorme diversidade cultural pode ser vista no folclore brasileiro, pois dependendo da localidade é possível encontrar personagens diversos e misteriosos, como Curupira, Cuca, Saci-pererê, Matinta Pereira, Boto, Iara, Boiuna etc. Na Amazônia o mais popular e temido personagem do folclore é o Mapinguari.

A Lenda do Mapinguari diz que ele é um monstro que vive no meio da grande floresta amazônica.

Os caboclos contam que o Mapinguari é um bicho gigante, todo coberto de pelos castanhos, com um único olho no meio da testa e uma grande boca na barriga. Falam também que ele possui um cheiro forte e desagradável, bem parecido com o cheiro de gambá. Alguns caçadores dizem que o Mapinguari se esfrega nas árvores e deixa seu odor para marcar seu território. E quem chega perto desses locais marcados por esse mau cheiro rapidamente começa a passar mal, fica tonto, com dores de cabeça e tem dificuldades para achar o caminho de volta pra casa.

Muitos caçadores contam que já ouviram o Mapinguari gritando na mata. Dizem que os urros do bicho são assustadores. Quem ouve os gritos do bicho fica todo arrepiado, e a melhor opção é sair correndo.

Os ribeirinhos amazônicos contam que o Mapinguari possui longas garras afiadas nas mãos e quando agarra alguém é quase impossível escapar. O monstro ataca e devora a pessoa começando pela cabeça. Raramente alguém consegue sobreviver, mas quando isso acontece a vítima fica aleijada ou com cicatrizes horríveis pelo resto da vida. Dizem que a melhor forma de fugir do bicho é entrar na água, pois o Mapinguari na sabe nadar.

Os moradores do interior contam que o Mapinguari só anda pelas florestas durante o dia. A noite ele se esconde em buracos no chão ou no alto das árvores para dormir. Quando anda pela mata, vai soltando gritos estridentes, quebrando galhos e derrubando árvores, deixando um rastro de destruição. Outros contam que ele só aparece nos dias santos ou feriados.

Existem várias tentativas de explicar a origem desse “ser misterioso”. Muita gente pensa que ele é uma assombração, um fantasma da floresta. Alguns acreditam que o Mapinguari pode ser um parente do Ciclope da mitologia grega, por causa do único olho na testa, ou um primo do Minotauro, por causa das pegadas que ele deixa na mata. Outros teorizam que ele é aparentado com outras criaturas fantásticas, como o Sasquatch e o Pé-Grande que vivem na América do Norte.

Há ainda aqueles que acreditam que o Mapinguari surge nas tribos de índios da Amazônia. Segundo essa narrativa, alguns índios vão se transformando pouco a pouco no monstrengo. À medida que esses índios vão envelhecendo os pelos crescem pelo corpo, as unhas se transformam em garras, o cheiro forte aparece e a consciência vai dando lugar a selvageria da fera. Depois que o processo de mudança inicia em poucas semanas acontece a transformação total do indígena no Mapinguari. Essa metamorfose é tão forte que ninguém mais reconhece a essência humana no bicho. Após a transformação, ele deixa o convívio com os outros índios e passa a viver na floresta, aonde assusta e ataca os desavisados.

Vários pesquisadores já realizaram expedições na Amazônia em busca de provas científicas do Mapinguari, mas nada encontraram de concreto. Uma hipótese que explicaria a existência dele é sua associação com as preguiças gigantes que viviam na selva. Arqueólogos já encontraram registros fósseis dessas preguiças gigantes, que seriam animais com mais de 2 metros de altura, pesando de 200 a 300 quilos, que ficavam em pé sobre duas patas e habitavam as matas e cerrados.

Assim, os relatos dos grupos indígenas que tiveram contato com essas preguiças gigantescas no passado foram sendo transmitidos para as gerações mais novas através dos séculos. Provavelmente os encontros e lutas que os guerreiros indígenas tiveram com esses bichos ajudaram a reforçar as estórias de pavor e medo.

Dessa forma, a Lenda do Mapinguari foi adquirindo suas características através das narrativas tradicionais dos descendentes dessas tribos, e chegou até nossos dias sendo incorporada ao nosso folclore.

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Ilha de Marajó - PA, Outubro de 2013.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 12/10/2013
Reeditado em 18/10/2013
Código do texto: T4522339
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