DIA DA CRIANÇA, QUAL O PRESENTE?
Conforme passam os anos também passamos a nos procurar nas nossas crianças que dizem que sempre somos, mas que perenamente nos escapam nas entrelinas do tempo, porque nossa visão de entorno, por aqui, caminha para a presbíope "CRIANÇA sem rimar com ESPERANÇA".
Na nossa atual conjuntura, eu pergunto: criança decerto que é esperança, mas atualmente seria nossa esperança do quê?
De campanhas mil que arrecadam intenções salvadoras das negligências crônicas?
No politicamente correto, no entanto, confesso que a mim, hoje é o dia da criança que já desconheço, aquele comemorado enfaticamente pelo comércio, como se alguém quisesse algo compulsoriamente, nos convencer de que , por aqui, as crianças brasileiras são seres especiais DE UM DIA, merecedores de atenção fundamental e de um "presentinho" consolador fente a tantas perdas irreparáveis.
Triste mesmo é perceber que tantos presentes não significam o grande presente que nos garanta, às nossas crianças, um futuro mais esperançoso de vida digna.
Obviamente, não que um brinquedo, seja ele um carrinho, uma boneca ou uma bola de futebol, principalmente esta última, não representem ainda que figurativamente a essência da fantasia infantil acolhida e satisfeita, entendo que sim, posto que a "ansiedade famérica"que também permeia essa data há de ser satisfeita de alguma maneira pelas famílias, das mais carentes até as mais abastadas, ademais, crianças de todas as classes sociais ainda não têm meios suficientes para discernirem quais lhes seriam os verdadeiros e fundamentais presentes...para hoje e que perdurem para toda a vida.
Exatamente agora, por exemplo, todos ganhamos um belo presente dos desportos global: mais um jogo de futebol da nossa seleção que joga contra a Coreia,segundo o narrador, para iniciarmos com requinte desportivo as comemorações do dia de hoje, o da criança, e exatamente na hora em que escrevo meu texto a mensagem da telinha de que teremos uma vitória na Coreia Do Sul como dedicatória a todas as crianças , não só do Brasil, mas do mundo, e que segundo o Felipão, crianças são o futuro do mundo.
Que bom que ele também pensa assim...é a esperança que nos surge logo no início do dia.
Claro, mais que certo que hoje todo menino criança (antes de saúde moradia e educação) tem a compulsória esperança de ser um Neymar melhorado.
Avante Brasil pelos infinitos e inimagináveis campos a serem conquistados pela nossa infância!
Mas deixo aqui um pedido à Nossa Senhora Padroeira em nome das crianças brasileiras:
Que Deus salve as crianças do Brasil, não só hoje, no futebol de hoje, no campo de hoje.
Que bom se um dia houvesse escolas de verdade para todas elas.
Escolas que desenvolvessem precocemente os olhos das mentes brilhantes aos campos tão defasados do nosso país, ao menos.
O mundo pode se conquistar depois...porque a vida é sempre uma criança universal...quando se tem esperança concreta de conquistas.
Bom seria que hoje, todas as crianças tivessem, a exemplo do que escrevo, a saúde amparada, os pediatras a postos na saúde pública, que nos venham os cubanos, os africanos, os venezuelanos, os bolivianos, os americanos...não importa a bandeira da ambulância social, enfim, a atenção às crianças não tem fronteiras, mas tem sim, compromisso, que nem sempre é só compromisso partidário das palavras veiculadas pelas mídias aos ventos das inércias, promovidas por tantas políticas falidas que minaram nossos tantos campos sociais.
Hoje, de fato, é mister que nos socorramos com ajuda humanitária do planeta todo, entendo que sim, a todas as nossas deficiências sociais construídas, advindas de tantos caminhos prioritários desnorteados pelos tempos...e já propagados ao solidário mundo que nos acolhe.
Mas há tão pouco tempo não éramos crianças que salvariamos o mundo?
O que aconteceu?
As escolas? Ah, afinal, como promover que as crianças aprendam precocemente que um país se faz de cidadãos que um dia já foram crianças "do dia das crianças presente"...para todo o sempre futuro?
Milagre seria se urgentemente nossas crianças fossem resgatadas das drogas antes mesmo de tangenciarem o campo da drogadição, da prostituição, e da explotração do trabalho infantil disseminados, todos a minarem os campos da vida digna que placar de futebol algum resgataria... depois de perdidos os rumos dum futuro que não chega nunca porque não lhe houve o principal caminho presente.
Hoje, afinal, nos seria dia de presente ou dia de oração pelo futuro?
Assim, selo meu texto com uma reza de pedido providencial:
Tomara que o Neymar faça um goooooool!
Sempre em nome dum futuro melhor às crianças...não apenas às do Brasil, claro.
E minha oração acaba de ecoar: o -gool!- Ele saiu.
É o único grito eufórico que nos sai...da nossa garganta aos campos do mundo.
Política social deveria ser como oração: algo de frutífero para todos em todos os campos: nem que fosse só nos das boas intenções...e já nos seria um presentão.
Meu desejo num verso:
Às nossas crianças eternas...
A luz!
A não das esperanças quimeras.