IN(CONS)TANTE

Todas as instâncias dessa vida ainda não permitiram, por mim, serem dominadas por completo. Por vezes sinto-me angustiada como se fugisse ao meu controle todas as rédeas; anseio, sofro, choro, quase descontrolo-me... tanto quis prender água nas mãos, vento nos dedos, em vão... tudo escapuliu pelo vão. Diante, o que obtive fora apenas mais anseio, mais sofrer, mais chorar, então aprendi que precisava a mim, controlar; tive medo de abrir as mãos e deixar voar... No corpo tive marcas, na alma teve ranhuras e meu ide precisava falar alto, até que ecoou do âmago o tilintar que faltava, e veio um estalar, um zunir de libertar, ensurdeceu o eco do controle e o vidro que já estava trincado por tanto ser apertado, se fez estilhaços e em cacos meu espírito ficou, ao se dar conta de que estava errado, que as rédeas deviam ser desamarradas, que nada é estático, nem eu...

Ainda não aprendi, nem nunca será de todo apreendido, pois assim seria controlado, vivo a constante inconstância de esperar o por vir, entendi que as tais instâncias são por essência instáveis, que a água permanece se minhas mãos estiverem abertas que o vento passa e se eu deixar e quiser ficará o aroma que ele trouxer, mas até este não permanecerá, e se parte é pra que outro venha e também permita conhecer seu perfume.

Sei que não posso ordenar as trilhas que defronte se abrem, apenas aqui acolá arrancar um ou outro galho... não é permitido ao meu ego dominar, se um tanto só refletir me será elucidado que nem autocontrole tenho, pois de fato bailo ao sabor desse incerto destino, que o universo é o maestro, e mestre maior é o tempo, deveras pai da impermanência.

Jacileia Cardoso
Enviado por Jacileia Cardoso em 09/10/2013
Código do texto: T4518157
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