DANDO PANO PRA MANGA

Entendi bem (e costurei) o que foi aventado sobre o meu artigo "O POVO EM POESIA", que aparece em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4512333 , o qual está dando um vistoso “pano pra manga”... Por posição e concepção pessoais, não chego a esses extremos que cortejam a fácil popularidade, como os exemplos concessivos à tolerância ou ao menoscabo da correção vocabular na criação poética. O artigo citado acima se refere, predominantemente, à poesia de raiz popular, que é naturalmente permissiva quanto à correção vernácula e gramatical, preponderando o intuitivo e a inventiva na criação poética sobre a correção dos vocábulos e expressões verbais. No tocante à poesia de raiz culta, não me ofereço tão concessivo quanto à fuga da exação verbal e gramatical. Entendo que especialmente o poeta tem de oferecer um texto obediente à escrita culta, dicionarizada, exceto quando pretende a fixação de neologismo(s) ou referenciais à expressão verbal comumente usada no cotidiano, segundo o jargão popular. Defendo a correção, coerente com a expressão culta da linguagem, buscando e construindo beleza imagética e estilística. Fico com Machado de Assis e o seu escorreito estilo literário que tanto qualifica o idioma luso-brasileiro. Como escritor e autodidata da análise crítica, não consigo acatar Mário de Andrade quando diz que as “regras são transmissíveis, mas o talento não”. Por autocrítico, penso que o talento pode vir a ser aprimorado com o auxílio da criticidade de um bom profissional da palavra escrita e o acréscimo que tal experimentação pode carrear. Ocorre entre ambos – criticado e crítico – um fenômeno semelhante à transmissão por osmose, no organismo emocional e intelectivo, com ralo ou nenhum prejuízo à originalidade e inventiva... Até porque entendo que a arte poética, mercê destas particularidades pertinentes a cada talento, tem como objetivos finalísticos a felicidade pessoal e a afirmação da Confraternidade entre os criadores de várias vertentes, preservando a individualidade de cada um, bem como o ressalto do objeto estético que nos faz bem aos olhos e ao coração...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4513545