Ave Maria
A mais bonita que ouvi - de fita também - foi na igrejinha do Glória. Era um meiodia e eu dois chopes me haviam feito subir lépido o outeiro. No elevador, claro. Mas
o certo é que tava alto, lá no alto.
Nem olhava pro mar, ou proutro lugar. Bastava a sensação do ali estar. Mas afinal:
Gounod, Schubert, ou Bach? Quase apostaria que era a de Gounod, tão bonita, sim
sinhô. Mas pouco importa agora.
As Ave-Marias me acompanharam desde a meninice, tocadas no alto falante da
igreja matriz da Velha Serrana. E raramente me pegavam na rua, sinal claro de que
estaria atrasado para a aula que começava pontualmente ao meio-dia. E o maior
risco, sem riso, era ser devolvido a partir daqueles portões de aroeira, pintados de
azul, do meu grupo escolar, que ainda lá estão pra não me
deixar calar.
Já a ave, Maria, voou, aquela cotovia.