A Lenda do Tambatajá

Os “Tajás” são um grupo de plantas comuns em várias partes do Brasil, que são cultivadas em jardins e quintais para serem utilizadas com diferentes objetivos, como alimento, no preparo de temperos e chás ou simplesmente para decoração. Um dos “Tajás” mais conhecidos é o “Tambatajá” que, segundo a crença popular, surgiu entre os povos indígenas da Amazônia através de uma linda estória de amor.

Assim diz a Lenda do Tambatajá: numa época esquecida no tempo, uma jovem índia se apaixonou pelo mais belo e forte rapaz da tribo. Daquela paixão surgiu uma bela estória de amor e união, pois maior ainda era o amor que o rapaz sentia pela moça. Com o consentimento da família de ambos, aqueles jovens apaixonados se casaram. A cerimônia de casamento dos jovens índios foi uma grande celebração.

Eles viviam muito felizes, até que num determinado dia a índia ficou gravemente doente. O pajé da tribo foi chamado, mas nada pôde fazer para curar a bela índia. A doença foi piorando até que ela perdeu completamente os movimentos dos braços e das pernas. Mesmo com aquela grave enfermidade, o jovem índio continuava amando sua esposa. Ele estava disposto a fazer tudo para não deixar que aquela doença o separasse de seu amor.

A vida na floresta é bem difícil, os índios precisam trabalhar duro para conseguir tirar seu sustento através da caça, pesca e coleta de frutos. Quando uma criança nasce deficiente ou quando alguém fica gravemente enfermo é tradição entre os indígenas optarem pelo sacrifício do doente. No entanto, o amor que o jovem índio sentia por sua esposa era tão grande que nada lhe faria desistir dela.

Ele lembrou-se que no momento do casamento havia feito um juramento de dedicar atenção e carinho a sua esposa independente das circunstâncias que enfrentassem. Por isso, ele foi ao interior da floresta para colher folhasde palmeira e tecer um tipo de rede especial para poder carregar sua esposa amarrada às suas costas. Dessa forma, os dois podiam ir a todos os lugares juntos.

Mesmo com aquela grave paralisia, o jovem índio cuidava com carinho de sua amada esposa. Todos os dias ele carregava sua esposa nas costas para visitar familiares, passear com amigos pela floresta e para tomarem banhos juntos no rio.Sempre ao entardecer, os dois entravam no rio para nadar em companhia de botos e tartarugas, esperando o momento do sol se pôr no horizonte. Depois do pôr-do-sol, ele cuidadosamente colocava sua esposa nas costas e voltavam para a aldeia cantando com alegria.

Certo dia, contudo, o índio sentiu algo estranho, pois parecia que sua carga estava mais pesada que de costume. Ao retirar a rede de suas costas ele teve uma enorme tristeza ao perceber que sua esposa tão querida estava morta.

Ele começou a chorar intensamente e saiu caminhando. O índio foi em direção ao lugar mais especial para os dois. Ele foi à beira do rio que era o local aonde os dois tinham passado os momentos mais felizes de suas vidas. Ali, perto das águas tranquilas, antes que o sol sumisse no horizonte ele enterrou sua amada esposa. Mas, a dor da perda era tão grande que ele decidiu se enterrar junto com ela.

Várias luas depois, naquele mesmo lugar nasceu uma planta especial. Era uma planta bem diferente de todas as outras que a tribo conhecia, pois esse vegetal misterioso que brotou na beira do rio tinha as folhas bem escuras, triangulares, e que lembravam o belo casal. Viram que as folhas grandes e escuras tinham grudadas no seu verso umas folhinhas menores e de cor mais clara. Os índios observaram detalhadamente aquelas folhas de formato curioso e viram que elas representam o jovem índio carregando sua amada esposa nas costas.

Foi assim que surgiu a “Tambatajá”, uma planta com lindas folhas que representam o grande amor daquele jovem casal de índios. Desde essa época, muita gente cultiva o “Tambatajá” como uma lembrança alegre e inspiradora do amor verdadeiro que deve existir entre todos os casais !!!

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Ilha de Marajó - PA, Setembro de 2013.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 21/09/2013
Reeditado em 21/09/2013
Código do texto: T4491839
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