A MÁGICA FINITUDE

“A mulher é uma METÁFORA PERMANENTE. Quando percebe que há uma mínima possibilidade de que o seu mundo possa ser mudado pra melhor, não importa quando nem onde, mergulha nesta possibilidade: A DE VIR A SER FELIZ. E imagina, em ótimo e verídico crédito, que o mundo mudará para se abrir e lhe dar passagem. Veja-se a cerimônia nupcial e o seu vestido de noiva: o maior fetiche de todas elas... Nós, homens, não sabemos, em regra, usufruir desta metáfora por muito tempo, porque somos incapazes de viagens curtas, só propomos viagens longas – e acompanhadas por elas – acaso heterossexuais. E mais: quando se trata do voo existencial, a única metáfora em que acreditamos é a probabilidade de que o espirito não morra... Bebemos, fumamos, gritamos, jogamos, comemos excessivamente, e, ao nos vermos no espelho, acreditamo-nos gênios apolíneos. Então – elas – mesmo que o senhor tempo já lhes haja furtado a beleza, continuam sendo, e sempre, esta alumbrada METÁFORA FELICIDADE, que não custa muito dinheiro, mas exige tempo integral. Porque dificilmente sabemos habitar a alcova do mundo dos sonhos e nem sempre temos esse tempo longo para elas, por inteiro...” Joaquim Moncks, in HOMEM E MULHER.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4482025

– Marilú Duarte, por e-mail, em 15/09/2013:

Homens e Mulheres diferem muito na capacidade cognitiva, razão porque interpretam distintamente a realidade que os cerca. Sabe-se que as mulheres são seguramente mais emotivas e estudos de boa fonte adiantam que possuem menos estabilidade emocional do que os homens. É importante frisar que não é possível afirmar em nenhum momento que um dos gêneros é “melhor” ou “superior” ao outro. O certo é que, em determinadas condições ou contexto, um pode se adaptar melhor ao meio do que o outro, e que, independente de qualquer fator, ambos os gêneros estão condicionados pelas expectativas sociais e buscam a autenticidade e a realização pessoal. Moncks coloca com muita propriedade que "A mulher é uma METÁFORA PERMANENTE". Falar sobre o sexo frágil, sem dúvida é entrar em um universo multifocal e quase fantástico, levando em consideração a sensibilidade e a magia de gerar uma vida e suas decorrências. Mulheres são realmente como as metáforas... Pedaços de frases contínuas tecidas ao longo do caminhar e um jeito muito diferenciado de quebrar resistências, criando ideias e ações surpreendentes e/ou até então inimagináveis. Mulheres são criaturas sutis, extremamente intuitivas, dedutivas e indutivas. Quando apaixonadas – um verdadeiro paradoxo – esquecem o que aprenderam, descartam a intuição, deixam de lado o senso comum e o pensamento intuitivo, a especulação lógica filosófica e qualquer outra iniciativa que exija uma resposta, porque o importante é viver com intensidade o momento dado que se apresenta. Mulheres surpreendem pela maturidade e pelo bom senso, num certo momento, e, ao mesmo tempo, pela fragilidade que as torna vulneráveis e regressivas, capazes de recriar a (sua) criança interior assumindo a ousadia de se aventurar pelas intrincadas florestas do viver. Em sua maioria são a eterna cinderela, em busca de seu príncipe encantado, de seu castelo de sonhos e de um “viver feliz para sempre”. Outras são como as estações do ano, em suas diferenças ambientais, predominando as mulheres “outonizadas”, que mesmo num processo de perda das próprias folhas, se reconstituem olhando para dentro de si mesmas, percebendo que é preciso desapegar-se dos velhos hábitos, ideias ou opiniões. Felicidade metafórica? Por que não persegui-la? Seria uma utopia? Não importa. Mesmo assim vale a pena buscá-la, da mesma forma que se busca o amor e a liberdade como trajeto para tal estado: o ser feliz... Cada um de nós precisa encontrar seu próprio caminho e o modelo peculiar de ser, pensar e curtir as sendas do viver. O estar vivo, neste curto lapso de tempo que diminui a cada minuto que passa, deve ser haurido com muita intensidade e prazer. Que sejamos – independente de sexo ou gênero – uma individualidade integral, possuidora da capacidade de sentir, pensar e querer ser feliz, metaforizando a vida, valorando expectativas e, enfim, contemplando a sua mágica e a finitude indomável que nos aguarda...

– Do livro O IMORTAL ALÉM DA PALAVRA, de Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4486563