MEDO DE NÃO SER FELIZ

“Em qualquer palco, faço profissão de fé, desde que haja clima propício. É isto o que me faz feliz, aos sessenta e sete anos: ter amigos presenciais e os virtuais da Grande Rede. Convergir no real curso da vida e em arte poética, aquela que copia o cotidiano, numa nova e quase que verdadeira recriação para os dias infaustos, e eles chegam sem bater à porta... Sim, porque Dona Alegria, quando vem já é o verso alumiado, a própria poesia do riso, que por si já traz o ritmo, sem a necessidade do verso. A alegria é verso por si vivificado – o estado d’alma incomum... Pra quem não é o Senhor dos dias, somente o seu usufruidor, nada há de melhor. É esse sentir e o seu respectivo e peculiar "savoir faire" que renova a crença no coração humano e permite visualizar os horizontes esconsos de viver até quando...”. Joaquim Moncks, in PROFISSÃO DE FÉ: DIZER VERSOS.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4481960

– Marilú Duarte, através de e-mail, em 16/09/2013:

A vida é um palco intenso, onde nós, os atores, vivemos e revivemos incríveis emoções e experiências. Há em todo esse processo um desfilar de sentimentos que, sedimentados nas emoções, criam possibilidades de interpretar os mais diversos e inéditos papéis, até que no apagar das luzes, sobreviva apenas um, o nosso verdadeiro “eu”. Assim como nos propõe Damásio: "As emoções se encenam no teatro do corpo. Os sentimentos no teatro da mente". Goleman nos diz que "a Inteligência Emocional é a capacidade de gerar, manipular e gerenciar um estado interno ideal para agir e que só nosso autoconhecimento nos traz autoconfiança.”. E por fim, ainda salienta que inexistem fatos dramáticos, o que existe é a dramatização dos fatos. Não há como negar que os dias infaustos são reais, inevitáveis, e engolem nossos sonhos e projetos. Entretanto, a verdadeira felicidade não é uma disposição mental inconsciente, que nos coloca a salvo ilusoriamente, mas, sim, um estado de liberdade, que nos coloca frente a frente com nossa essência mais profunda, livre do tempo e da forma de onde se origina tudo o que existe. A arte encena a vida, e a vida é a própria arte revestida de encanto e alegoria. Exatamente como dizes: ..."a própria poesia do riso, que por si já traz o ritmo, sem a necessidade do verso". Existirá maior poema do que o sorriso? O medo de não ser feliz é que nos faz infelizes e nos impede de amar e sorrir. A felicidade são momentos que se eternizam em manifestações causais, atingindo o seu auge na realização de um instinto reprimido. Freud quando se refere ao amor, chama esse sentimento de “a técnica da arte de viver”. Talvez seja esse o método que leve o homem mais próximo de uma consecução completa da felicidade. "Navegar é preciso, viver não é preciso", oferta Fernando Pessoa... A vida é como a caixa de Pandora, onde a esperança ainda é o antídoto capaz de vencer a brutalidade inconsciente do homem contra ele mesmo...

– Do livro O IMORTAL ALÉM DA PALAVRA. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4484128