FELICIDADE

Com o passar dos anos, fui entendendo que felicidade é muito diferente de alegria.
A descoberta dessa diferença, aliada a vários outros fatores, como o cultivo da fé racional, o exercício diário da meditação, e da prece, o trabalho voluntário em prol do meu semelhante, foram me possibilitando entrar em contato profundo comigo mesma, e com o Criador.
Como resultado principal desses cultivos: ganhei serenidade, e com ela, tenho conseguido caminhar com mais paciência pelos caminhos da vida. Mesmo naqueles em que espinhos surgem, escondidos sob a maciez de petálas de rosas. A cada novo cutucão, paro, busco respirar fundo, tiro do pé o espinho, coloco-o no lugar que estava e sigo em frente.
Se machucou muito, ando devagar, mas sigo.
Busco não me deter, pois sei que a mágoa a autopiedade ou a ira contra o que (ou quem)  me causou a dor ou contratempo, fará  mais mal a mim mesma, independente do que eu possa fazer contra o causador da minha dor.

A cada dia, reconheço, o quanto necessito me esforçar para não perder a pequena trilha que consegui conquistar em busca da minha evolução.
Sei que, o percurso que caminhei sobre ela, é mínimo, frente ao longo trajeto que tenho que trilhar para alcançar a sabedoria que me falta. 
Mas isso não me desanima. Ao contrário, pois, percebo o quanto vale a pena agasalhar propostas nem sempre fáceis, como perdoar, não confrontar, não revidar.
Estou aprendendo devagar, bem devagar, que o silêncio, mesmo aquele que muitas vezes, nos custa engolir muitos sapos, vale muito mais do que, palavras ditas ou escritas sob o calor da ira.
Calar, é mil vezes mais difícil do que deixar vir à tona nossa raiva e indignação, em relação alguns fatos que nos ocorre.
Calar, ao invés de revidar uma ofensa, é algo que se aprende com muita, muita e ainda mais um pouco de disciplina interior. 
É preciso ter muita coragem e força espiritual, para calar. Diferentemente de falar, que só necessitamos deixar fluir nossas emoções do momento.
Mas, posso testemunhar, que vale muito a pena, quando vamos nos autodisciplinando, e ganhando domínio sobre nós mesmos.
Palavras, depois de ditas ou escritas, não se apagam, são como as penas que fogem de um travesseiro e voam ao sabor do vento, e ganham alcance, que nem poderíamos imaginar que pudessem ganhar.

Nada se conquista com facilidade em nossa vida.
A paz interior que traz com ela, a legítima felicidade, é algo que só se vai obtendo, pouco a pouco, decorrente de muita vontade, determinação, disciplina, e o que chamo de: "jejuar moralmente". Que nada mais seria do que ir diminuindo pouco a pouco, as atitudes intempestivas e trocando-as, por outras de ponderação e calma.
Isso é fácil de ser feito? Claro que não!
Trazemos em nós, hábitos arraigados nas dobras mais profundas de nossa alma, e mudar determinado padrão de comportamento, tão entranhado em nós, exige muita força de vontade, e muita disciplina.
E, mais que tudo, significa deixar morrer o homen velho, que mora em nós, e deixar nascer um novo homem.

Toda mudança, traz resultado, e quando escolhemos mudar para melhor, o resultado é nos sentirmos melhor.
Por isso, hoje, posso dizer que, há muitos dias que me sinto triste, mas, faz tempo que não me sinto infeliz.
Pouco a pouco, a custa de muita luta interior e de "jejum moral" tenho descoberto um recanto dentro de mim, onde a paz brilha e me convida a ficar, e ali a felcidade dá o tom, mesmo em dias cinzento.


(Imagem: Lenapena - Thaugannock Falls- ITHACA)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 05/09/2013
Reeditado em 05/09/2013
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