CONSIDERAÇÕES SOBRE A RAPIDEZ E A PACIÊNCIA (NÃO ao fechamento da APAE)
Podemos dividir – sem medo de errar – o dinamismo da vida em duas pluralidades: - rapidez e paciência. A rapidez enquadra-se no mundo de pessoas ativas, independentes e, praticamente, sem a calma exigida para que os detalhes de cada momento se sobressaiam, e recebam o destaque necessário no mundo individual e social. Diria que a rapidez é uma característica – principalmente – das pessoas sadias fisicamente e dotadas de uma mente que flui, sem se prender a ninguém e a coisa nenhuma. Estas pessoas chegam muito depressa onde pretendem, e, aparentemente, são elas que movem o mundo e sua História, porque lideram fatos, gestionam pessoas e fazem ideias voar, expandindo o mundo ao seu redor.
Porém, lado a lado com a rapidez da máquina do tempo, move-se, calma e tranquilamente, a paciência. A paciência faz parte do mundo dos indivíduos mais calmos, mais meticulosos... a paciência é a grande característica das pessoas que possuem a lentidão proporcionada por qualquer tipo de deficiência: física e/ou mental. Também a paciência revela-se nos estudos científicos, onde as novas descobertas levam anos e séculos para serem aprovadas e comprovadas, e, enfim, poder povoar o mundo com suas conquistas positivas.
A rapidez e a paciência são os dois tipos de fermento social, que, juntos, promovem a Vida no seu TODO, sem excluir exatamente nada e ninguém.
Através destas considerações sobre a rapidez e a paciência, pretendo chegar até a EDUCAÇÃO, onde ambas se caracterizam no ensino público normal e no ensino proporcionado nas APAES: na escola normal, a rapidez no ensino-aprendizagem é mais comum do que a lentidão, pois são poucas as dificuldades cognitivas apresentadas pelos alunos, e, talvez muitas sejam superficiais; mas, nas APAES, a grande característica é a Paciência, por causa das particularidades que envolvem a Educação de crianças que apresentam deficiências, tanto na área física quanto mental.
Assim, a criança sadia, tem, nas escolas normais, o dinamismo e os resultados que a rapidez proporciona, e a criança deficiente encontra, nas APAES, professores dedicados, que adotam a paciência como diretriz da Educação, que é quase um garimpo desumano na direção do que estes alunos possuem de melhor, tanto para a sua vida individual como para a sua vida social.
Portanto, após estas breves considerações sobre a rapidez e a Paciência, obrigo-me a fazer o seguinte questionamento:
- Não será um crime hediondo colocar as crianças deficientes junto com as crianças mais rápidas e dinâmicas, também no seu aprendizado?
O ato pedagógico de ensinar e aprender é totalmente diferente diante de cada situação.
Definitivamente, se eu tivesse algum poder de Governo, jamais fecharia a APAE, mas procuraria maneiras de expandir o seu trabalho, onde a afetividade e a dedicação minimizam um pouco as dificuldades da criança deficiente.
Saleti Hartmann
ProfessoraPedagoga e Poetisa
Cândido Godói-RS