A INTERAÇÃO AFETIVA

“A possessão exclui o amor, porque este não é posse, e, sim, entrega... E neste, a meu ver, sempre um dos polos exercita o amar em patamar mais alto. E o que é pior, há alguns possessos (e possessas) que fazem versos, apenas versos sem Poesia, como se fossem, efetivamente, espécimes de Dona Poética. São, em verdade, meros recados convidativos ao amar. Ou escrevem em frases pensando que estão fazendo poemas, e sempre com a mesma possessão excludente da confraternidade que a verdadeira Poesia traduz. Em verdade, a possessão é um vício de origem, em matéria de Poesia. É bom e aconselhável observar-se a obra poética de Florbela Espanca, Alfonsina Storni, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Lya Luft, Adélia Prado, etc. Nestas, há a proscrição ou minimização da posse, daí a consagração... É deste modo que o leitor – sempre ávido e possessivo – se apossa do amar-personagem, que não é do autor e de ninguém mais, a não ser o conviva à espera da chegada de seu receptor...”. Joaquim Moncks, in O VÍCIO DE ORIGEM.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4453412

– Marilú Duarte, por e-mail, em 27/08/2013.

“É preciso amar as pessoas e usar as coisas e não amar as coisas e usar as pessoas", diz Cecília Meireles. Todo o sentimento de amor leva à Poesia e toda a poesia tem sua maior fonte de inspiração no amor. Somos o que pensamos, e agimos da forma que somos. Por isso se faz necessário manter com os outros que conosco convivem um relacionamento dinâmico e saudável. Relacionar-se com o outro é uma arte que sempre irá exigir retoques e muita partilha. Precisamos nos olhar com mais cuidado para nos conhecermos de forma saudável e madura. A posse está ligada à baixa autoestima do indivíduo, que projeta no outro as suas crenças, comportamentos e emoções negativas. A criança que não é valorizada em seus empreendimentos, incentivada nos seus acertos, e acolhida em suas demandas, naturalmente poderá vir a ser um adulto individualista ao extremo, possessivo e dominador. A possessão efetivamente exclui o amor, porque o oprime e o anula. É através da interação afetiva (e efetiva) que a autoimagem de cada ser é construída. Nas questões de afeto, sentimentos, pensamentos e emoções, podemos dar somente o que possuímos... Dificilmente aquele que não foi olhado saberá olhar o outro e respeitar o seu espaço. Marilú.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DA PALAVRA. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4462685