A PERMANENTE CONSTRUÇÃO

“Zelar pelo bem maior Liberdade é uma das missões mais importantes que competem ao poeta: o apontar e o afinar a opinião pública em suas propostas plenas de lirismo assentadas no Amor e na Confraternidade. No entanto, a Poesia não se destina a ser aplicada diretamente no plano da realidade, porque ela é um objeto estético, abstrato e carregado de subjetivismo. A Poesia muda alguns homens e estes podem ajudar a transmutar a realidade dos fatos. Faço a minha parte, enfiado que nem piolho em costura nas inquietações e desejos de ajudar no combate às adversidades espirituais que assolam o ser humano. O Próximo e suas agruras é um bem muito mais importante que o automóvel que tenho na garagem. Se bem que este também ajuda a transportar o grão de bálsamo, em sua missão de limpar os olhos dos fraternos decaídos de sua condição. A concretude e a abstração também são irmãs de mundo. E cada humano entende o real segundo o concebe...”. Joaquim Moncks, in O OBJETO ESTÉTICO E O REAL.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4441699

– Marilú Duarte, por e-mail, em 23/08/2013.

Nossa vida é pautada pelo desejo de liberdade. Espinosa (1632) nos ensina que as emoções não devem ser combatidas ou criticadas, mas, sim, compreendidas como necessárias à natureza humana. O ser humano é uma potência imensurável, utilizando sua força interior na sua conservação e proteção. Preserva com isto a sua própria energia, num esforço de resistência e, também, de apetite e de desejo, que é a própria essência do homem. A Poesia é antídoto protetor do espírito do poeta. É na Poética que ele mergulha de corpo e alma, deixando a mente sobrevoar o infinito da ideia pelo (seu) subjetivismo, tornando-se livre tal um pássaro. É através dela que ele se torna rei e senhor único do universo, retirando a máscara social, rompendo os grilhões do preconceito, matando a dor no peito e elaborando seu novo começar. Enquanto autores de nosso próprio existir, construímos no dia a dia um projeto de liberdade que se torna real à medida que vamos fazendo nossas escolhas, reconhecendo nossos limites e responsabilizando-nos por todas elas. Se pensarmos bem, a liberdade não é uma consideração abstrata, mas sim um sentimento que se associa a comportamentos reais, incluindo ações, emoções, e principalmente atitudes: “... Faço a minha parte, enfiado que nem piolho em costura nas inquietações e desejos de ajudar no combate às adversidades espirituais que assolam o ser humano.”. Superar as adversidades é um dos maiores desafios a enfrentar. Sempre que conseguimos superá-las nos tornamos donos do presente e prontos para o futuro. Transpor o desafio nos faz olhar além de nós, amadurecendo e fortalecendo nossa visão de mundo para então irmos muito além do que nos julgamos capazes. É exatamente na relação EU-OUTRO que conseguimos atingir a liberdade e consequentemente as mudanças que se fazem necessárias para a consciência de que o outro faz parte do (meu) Eu, da minha consciência e dos meus atos, e que é através dele e com ele que eu consigo vivenciar a experiência do objeto estético continuamente em reconstrução, que resulta na própria existência. Marilú.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DA PALAVRA. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4459850