O SENTIDO DA VIDA

“Por ser inesquecível para quem ama, o ato rende muitos poemas de rememoração do bem-estar, a partir do prazer e gozo. É o corpo que cochicha o requintado atendimento de suas primitivas ânsias. E os leitores, debruçados sobre os registros, babam de espanto, alumbramento ou inveja. Diz-se por aí, em várias rodas de convivência, que o que vale mesmo é o ato em si e por si. Mas o espiritual diz o que sente e inscreve tatuagens lúdicas para além do corpo. Por esta razão simples e incontrolável, a Poesia nunca morrerá no coração humano. Sempre haverá alguém que vai além do tato. De tanto queimar-se o ventre, o poema nasce ardente. Nunca é fogo brando...”. Joaquim Moncks, in A VOZ DE AMAR ALÉM...

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012/13.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4443466

– Marilú Duarte, por e-mail, em 21/08/2013.

Falar em amor é transcender ao inexplicável e fragmentado mistério do existir, percorrendo caminhos ora desconstruídos pelo inusitado, ora criativos e sedutores, mobilizados pela emoção. É como tentar reconstituir um quebra-cabeça, aonde as peças principais vão se perdendo pelo caminho, tragadas pela emoção de lembranças primárias que se reconfortam e se reencontram no ventre da esperança, que ainda guarda nos quintais infantis da lembrança um saudável resquício de prazer. Para Freud, o amor está articulado à sexualidade, tem referência no narcisismo primário, no investimento libidinal, no próprio ego, e ainda nos investimentos objetais da primeira infância. Quando o indivíduo ama, ele revive as relações primárias, tentando recuperar experiências que lhe deram prazer. O homem, mesmo antes de nascer, se aventura em busca do sentido da vida, por isso podemos dizer que esta ação tem raiz biopsicoespiritual. Essa tríade de corpo-mente-espírito o torna especial e inédito, sem repetição. Lacan enfatiza que a linguagem é um campo mais rico de recursos do que simplesmente aquele no qual se inscreve no curso dos tempos: o discurso filosófico. Ensina-nos que a linguagem é sempre lateral ao seu efeito de significado. Nesta visão, o amor, visa o outro em seu ser, “isto é, aquilo que, na linguagem, mais escapa – o ser que, por um pouco mais, ia ser, ou, o ser que, justamente por ser, fez surpresa” (Lacan,1985). Marilú.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DA PALAVRA. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4459832