A Lenda do Muiraquitã

A Amazônia é o berço de muitas civilizações indígenas. Cada uma delas possui uma cultura própria, com saberes, usos e costumes bem diferentes dos que nós temos. Um exemplo dessa riqueza cultural está registrado nas inúmeras lendas que esses povos possuem.

Muitas dessas lendas falam de belas estórias recheadas de fatos curiosos e personagens bem interessantes, como é o caso da Lenda do Muiraquitã.

Assim diz a Lenda do Muiraquitã: no coração da grande floresta tropical existia uma tribo de mulheres guerreiras, conhecidas como Amazonas.

A fama dessas mulheres valentes era conhecida por todos os povos da região. Elas eram extremamente rápidas e ágeis. Se fosse preciso enfrentavam as correntes dos maiores rios, nadando de uma margem a outra. Sem medo saltavam do topo das mais perigosas cachoeiras. Subiam nas mais altas árvores, indo ao ponto extremo das folhagens, em locais que nenhum outro guerreiro conseguia subir. Lutavam com onças, jacarés e cobras. Não temiam nenhum perigo, nem se recusavam a enfrentar qualquer desafio.

As Amazonas eram consideradas guerreiras insuperáveis. A destreza com que elas manejavam o arco era superior a de qualquer guerreiro homem das outras tribos. Arremessavam lanças a grandes distâncias e com precisão incrível. Poucas tribos se atreviam a guerrear com elas, pois sabiam de sua bravura em combate.

Diziam que uma única Amazona era capaz de derrotar dezenas de homens em combate. Quando os primeiros homens brancos chegaram do velho continente nessa parte do Brasil eles ouviram diversas estórias sobre a beleza e coragem dessas guerreiras. Foi justamente por causa delas que os portugueses batizaram essa belíssima parte de nosso país de “Floresta das Amazonas”.

Conta a Lenda que a aldeia das Amazonas era diferente das aldeias das demais tribos, pois lá não existiam homens. A civilização das Amazonas era constituída apenas por mulheres, nenhum homem poderia habitar entre elas.

Elas só se encontravam com os homens uma única vez por ano. Numa data especial elas permitiam que os maiores guerreiros de outras tribos visitassem suas ocas como se fossem seus maridos. Se nascesse uma criança masculina era entregue aos guerreiros para criá-lo, se fosse uma menina ficavam com ela.

Logo nas primeiras semanas de vida a criança começava a receber cuidados especiais para se transformar numa grande guerreira. Elas recebiam alimentação diferenciada para crescerem fortes e saudáveis. Assim, elas se tornavam mulheres belas e atraentes.

As Amazonas eram altas, com cabelos negros bem longos, e tinham um corpo definido pelos treinos e lutas constantes que elas praticavam. As Amazonas dominavam a arte de criar cavalos, e cavalgavam com grande perícia, o que lhes dava enorme vantagem em combate. Essa habilidade de domar cavalos era algo exclusivo delas, pois os demais povos indígenas não criavam animais domésticos.

Toda mulher Amazona também podia ser conhecida por uma joia que carregava presa a um cordão em volta do pescoço. Elas recebiam esse enfeite especial no primeiro mês de nascimento e carregavam-no por toda vida.

Todas as Amazonas engravidavam ao mesmo tempo, uma única vez no ano, o que levava as crianças a nascerem todas num mesmo período. O nascimento das crianças era momento de enorme alegria. Uma semana após o nascimento das meninas, as mulheres da tribo preparavam uma linda comemoração. Elas se dirigiam todas para um belíssimo lago, carregando grandes potes cheios de perfumes e vários cestos com centenas de flores que derramavam na água para o banho purificador. À meia-noite elas mergulhavam e traziam do fundo do lago esmeraldas verdes. Quando saiam das águas elas sentavam-se nas margens do lago e ali mesmo preparavam os enfeites que suas filhas iriam carregar perto do coração. O Muiraquitã é essa joia preciosa de cor verde e em forma de sapo que as Amazonas usavam.

Desde essa época o Muiraquitã é considerado um símbolo de riqueza e majestade dos povos da floresta. Historiadores e arqueólogos já encontraram exemplares de Muiraquitãs em escavações realizadas em inúmeros locais. Hoje essas relíquias estão preservadas em museus e universidades do Brasil e até mesmo em outros países.

Quem tem a oportunidade de ver pessoalmente um Muiraquitã fica apaixonado pela sua beleza e encanto. Alguns até falam que esses pequenos enfeites trazem dentro de si a alma das mulheres guerreiras, transformando a pessoa que os usa num defensor da floresta.

Acredito que se cada um nós conhecesse o tamanho do patrimônio cultural e ambiental de nosso país, certamente que nós teríamos orgulho de lutar bravamente como as guerreiras Amazonas para defender tão grande riqueza !!!

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Ilha de Marajó - PA, Agosto de 2013.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 30/08/2013
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