A PALAVRA NO MUNDO
“REPUBLICANOS DO MUNDO
Edilberto José Soares
Grito ao mundo que sou só a poesia
O mundo pasma como de paralisia
Sou o poeta que esperava todo mundo
O louco, o sonhador e vagabundo
Passo no mundo causando reboliço
Vim como o raio, o trovão e corisco
Sou o senhor no reinado de sofia
Sou o terror no reino da hipocrisia
Sou como sou goste quem quiser
Trago no peito esperança amor e fé
Que com amor já cumpriu sua missão
Eu e sofia ofuscamos o reino da escravidão
Que vivem presos por tratados e decretos
Nossa missão foi mostrar o caminho certo
Como sofremos açoitados em praça pública
Pelos ladrões dos direitos das republicas
Republicanos brasileiros e do mundo
Acordem todos deixem de serem vagabundos
Acordem vejam a luz da sabedoria
Vocês sabiam... Esperavam este dia.
Rio de Janeiro, 18 de Abril de 2013.”
– remetido pelo autor via Facebook, em 28/08/2013.
Irmão poeta Ediberto! Peço licença para dar uns pitacos analíticos sobre a tua obra, sempre com o respeito e admiração que o SENTIR nos une e orienta... Gostei do texto, realmente. Trata-se de um poema em prosa, quanto ao rigor formal, devido à linguagem pouco codificada, assentado na escassez de figuras de linguagem, o que prejudica em parte a sua catalogação como peça poética de bom nível de linguagem em sentido conotativo... A peça poética me diz, de pronto, que é uma tessitura verbal nascida do SENTIR, fruto de profunda emocionalidade, e, devido a esta carga emocional, teve pouca possibilidade de burilamento ou transpiração sobre a peça, ficando a lavratura definitiva no inicial intuitivo da inspiração. Também pela temática sociológico-política, cujo conteúdo é sempre discutível, visto que cada qual vê o mundo segundo o concebe, especialmente nestas óticas. Tenho alguma discordância sobre a utilização do qualificativo "vagabundo" no contexto, com base na excrescência estética. A voz poética que se manifesta sobre o coletivo é naturalmente discutível, por merecer sempre várias óticas e abordagens, ainda mais quando retoma o sentido original e etimológico: RES PUBLICA = COISA PÚBLICA. E esta concepção merece loas e admiração, prestigiando a organização social assentada nos direitos republicanos. Parece-me não compactuar com a expressão quase chula e aética utilizada duas vezes no poema. Bem, ao menos a nossa análise crítica não foi feita com foco na eventual “vagabundagem”, como sinonímia de preguiça. Basta ver esta extensa e necessária formulação analítica, que exigiu concentração e entrega à peça artística ora em exame. Ratifica-se o poema entregue à publicação como “coisa pública”, exercício da liberdade de palavra, ou seja: como o criador vê a si e suas circunstâncias de estar no mundo agregado ao territorial de seus semelhantes...
– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.
http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4457390