VERSOS COM OU SEM POESIA

“A fonte da Poética é a vida, a realidade tal como ela é. A partir do real, o poema – com Poesia e não somente meros versos – é a resultante de um tanto de sonho e um tanto deste equilibrar-se sobre o fio trapezista com que o poeta se apresenta ao público (como pessoalidade), combinado com o talento de sua arte...”.

– Excerto de A FONTE E O FRUTO, por Joaquim Moncks, publicado em http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4452160

"... não somente meros versos..." Exigente como sempre..., mas meros versos poéticos, pode? Vou elaborar um acróstico para você:

(J)ovem poeta de talento inquestionável

(O)rganizado e minucioso na escrita

(A)migo das letras

(Q)ue, como Camões gosta de vocabulário rebuscado

(U)m homem excelente

(I)nquieto com o nosso e, o seu conhecimento literário

(M) ostra capacidade em tudo que faz.

(M)estre em Língua Portuguesa

(O)rgulho do nosso Recanto da Letras

(N)aturalmente, seus textos são revelações poéticas

(C)élebre nas rimas

(K)antista

(S)olidário e simples homem das letras.”.

– remetido por Zemary, via Recanto das Letras, em 26/08/2013.

Agradeço, lisonjeado, a tua atenção objetivada no acróstico com o meu nome e o carinho e admiração subjacentes a este gesto e procedimento verbal. Acredito (e é certo) que nem mereço tudo isto... Todavia, pelo que vejo e observo, pela instigação ou provocação que procedo junto aos meus leitores, é natural o nascimento dos intertextos prosaicos ou poéticos, e, por estas amostragens, percebo que estou sendo útil aos seus espíritos artísticos. E mais uma vez sinto que a minha missão como poeta e crítico vem sendo cumprida no mais alto sentido. Adentrando no mérito analítico, quanto à tua expressão “... mas meros versos poéticos, pode?”. Aqui há um pleonasmo vicioso, porque os versos são a forma como se apresentam os elementos constitutivos da POESIA, gênero literário individuado. O ‘verso’, então, corresponde e tem a mesma função que as ‘frases’, na PROSA. Portanto, a expressão “VERSOS POÉTICOS” é absolutamente incorreta, porque rebarbativa. Se o que temos são versos, estes já são poéticos por natureza. Diferentemente, se pode aceitar, por exemplo, a expressão “VERSOS PROSAICOS”, que seria o caso da declaração do próprio autor e/ou do analista que constata que na peça artística há predominância de expressões prosaicas, e não poéticas. No caso, seria a catalogação como um “POEMA EM PROSA”, expressão em que a Poética rarefeita de figuras de linguagem, metáforas e outras (não logrando uma boa codificação de linguagem em sentido CONOTATIVO) pretende a fixação do espiritual por meio da utilização de versos, em raros laivos de POESIA, portanto, e não em frases, afastando a modalidade PROSA, em sua forma e formato comuns. No caso do acróstico aqui apresentado, é uma peça atípica, o chamado ACRÓSTICO MODERNO, em que não se contam sílabas fônicas uniformes (a mesma silabação em cada e em todos os versos), nem rimas, diferente, destarte, do acróstico clássico, que exige estas especificidades, quanto à sua construção. Mas é necessário não esquecer que o acróstico é forma e formato de apresentação do gênero Poesia. E os versos que temos aqui não são exatamente exemplares de Poesia, porque lhes falta (exatamente) a codificação que a Poética exige para a sua identificação... Faltam-lhes as figuras de linguagem, enfim, as metáforas... E, sem estas, não há como se falar em Poética. Consequentemente, de ACRÓSTICO, o texto construído com o meu nome tem somente forma e formato... Quando expões, copiando o meu texto: “Não somente meros versos...”, o que eu desejo exprimir com o qualificativo ‘meros’ é que, no caso, não há linguagem metafórica e, logo, não há Poesia, por falta de codificação de linguagem. Sim, porque é necessário notar: há versos COM ou SEM Poesia...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4453179