A FONTE E O FRUTO

A fonte da Poética é a vida, a realidade tal como ela é. A partir do real, o poema – com Poesia e não somente meros versos – é a resultante de um tanto de sonho e um tanto deste equilibrar-se sobre o fio trapezista com que o poeta se apresenta ao público (como pessoalidade), combinado com o talento de sua arte. Mas os seus versos necessitam vir a ser, fundamentalmente, a criação subjetiva que sugere e possibilita o Novo, a recriação e/ou a transfiguração da árida matéria da vida, para lograr vencer a hostilidade permanente ou momentânea que instiga e/ou oprime o ser individual. Tudo isto feito com graça e gosto fora do lugar comum da vida, com alguma bonomia e estranhamento. O poema como peça estética é seiva do bálsamo provindo da Poesia e fruto do mistério ofertado pela graça do sentir estando vivo – sua voz doce e fraterna.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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