O Estilo Zé de escrever
"Pra fazer uma boa teoria é preciso muita prática" - Millôr
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Nessas minhas observações rotineiras do cotidiano, analisei alguns colegas de trabalho, pensamento, ideologias e piadas esporádicas desses habitués em conversas sobre a situação sócio-política-econômica do País com nome de pau. Brasil.
Não contive-me quando parei um pouco pra descansar e automaticamente os neurônios fervilharam. Após o almoço das 12:30, faço quase todos os dias uma ciesta mental. Fiquei assim sabe... Parado, alguns segundos imóvel. Leio jornais ou vejo aqueles lances da TV aberta com rodadas do estadual. Perguntas cretinas dos jornalistas esportivos e comentários mais triviais ainda, sobre a cor da camisa do jogador Y defensor do time X. (as incógnitas servem para evitar comentários de torcedores fanáticos né, principalmente daqueles que não tem a felicidade de torcer pro SPFC).
Me dirijo até a praça da Moça, mais popular de Diadema. Fico num banco de concreto mal conservado com pintura óleo amarelo gema de ovo descascada. E ouço ao longe um estrondoso e grave chamado:
-- Zé!
Ignorei... Pensei comigo, esse é o nome mais comum do ABC, do Brasil e talvez até da Espanha e Portugal, deve ser outro. Mantive-me pacientemente estático. Filosofando introspectivamente meus pensamentos e afazeres.
Novamente a voz se repete. Aguça e faz vibrar com o acréscimo de alguns decibéis extras meus tímpanos que clamavam pela quietude que havia sido roubada.
Não resisti. Segui o som e vejam só! Era minha tia avó, Dona Zica.
Agora a simpática senhora e militante católica, devota de Nossa Senhora Aparecida, acenava freneticamente com seu bracinho esquerdo enrugado e fininho, parecia que tremulava uma bandeirinha americana e gritava: "God save the EUA".
Levantei, fui até a Dona Zica, dei-lhe um abraço e um beijo. Ela sorri, mostra um sorriso que só os idosos conseguem fazer e me entrega um santinho dizendo que haverá aqui no Brasil uma visita do Papa alemão Ratzinger. Demonstrei educadamente curiosidade e espanto nessa "novidade" e fiquei esperando pelo pior.
-- Meu sobrinho você poderia entrevistar o Papa para nossa igreja, o que me diz?
-- Seria uma honra conhecê-lo, daria até pra treinar meu alemão e dizer um amigável "Guten Tag Ratzinger". (respeito, porém não suporto os formalismos religiosos) e perguntaria como estão as coisas lá em Roma, né tia.
-- Não seria uma boa menino!
-- Seria? Prometo que até posso escrever algo sobre isso, agora vou sentar naquele banquinho amarelo gema de ovo e pensar em como fazer isso.
-- Tá bão meu fio.
-- Sua benção tia!
"Que Deus, Nossa Sra. Aparecida e o Papa te abençoem Zezinho"
Agora sim tinha motivos pra fervilhar os neurônios... E deixar minha preguiça criar teorias práticas não dogmáticas.