Desafios e Proposições na Prática de Ensino
Quem ensina quem? O educador ou o educando? Certamente cabe ao educador a prerrogativa de ensinar, ou melhor, ser o detentor de maior cabedal de conhecimentos no processo da educação. Quando pensamos na sala de aula, certamente o professor capacitado, disponibiliza recursos e competências para repassar seu conhecimento aos alunos, mas e a troca? O aluno também pode integrar esse processo não como um ser passivo, alheio a sua consciência e competência, mas como agente ativo do processo educacional.
Entrementes, o professor atento, irá perceber que pode aprender muito com os discentes, “se” perceber que de fato existe a aludida troca. Quando o professor trabalha com turmas de alunos indispostas com certas disciplinas ou até mesmo a metodologia de ensino aplicada, será que o docente percebe tais sinais?
O sucesso de uma aula atrela-se ao fato do professor conseguir reunir tanto a atenção da turma, quanto o interesse de participações individuais. Esse desafio é percebido através dos resultados obtidos, da percepção dos alunos sob o crescimento e desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos na sala de aula e, notadamente, na evolução desse caminhar.
Não é tarefa simples essa transformação de interesse e aprendizado dos alunos, através da prática de ensino viabilizada pelo professor, como também não é difícil ou impossível, como pensam alguns, cuja letargia acadêmica esconde-se ao largo do interesse e verdadeiro objetivo final, a transformação de cada aula em um acontecimento especial, exatamente como as boas novelas tratam o “aguarde os próximos capítulos”, para o “aguarde a próxima aula, ela será melhor ainda”.
O docente pode mudar, alterar, transformar o ambiente da sala de aula junto com a turma de alunos. Para tanto, deve ter a percepção de saber em quais momentos e em que circunstâncias as mudanças serão favoráveis.
Esse processo é observado na sala de aula em momentos verídicos em que o jovem, por exemplo, demonstra falta de interesse no estudo da história dos pioneiros empreendedores. Isto não quer dizer que tal tema deva ser banido ou postergado. O desafio está justamente em aplicar essa aula histórica utilizando criatividade e inovação, como apresentar o Brasil contemporâneo, cuja cultura empreendedora é destaque sem precedentes, indicando que tal afirmação tem sua validade embasada em pesquisa publicada em julho de 2012 pelo SEBRAE-SP¹ informando que existem 27 milhões de empreendedores no país.
Pode-se criar outra discussão utilizando a publicação realizada pelo PORTAL BRASIL², sobre “Taxa de Sobrevivência de empresas no Brasil”, pois segundo esse estudo, os dois primeiros anos são cruciais para a permanência ou mortandade de empresas. Essa dualidade de cenários distintos instiga uma reflexão séria e estruturada, tendo em sua conotação, um novo olhar sobre o tema e, consequentemente, abordagens criativas, objetivando incentivar discentes ao estudo e a pesquisa, bem como visitas a museus e demais espaços culturais que nos oferecem um manancial de informações sobre os pioneiros empreendedores brasileiros, suas trajetórias, regionalidades, cultura e, acima de tudo, verdadeira entrega pessoal dos mesmos em suas empreitadas.
Dessa forma cria-se um pórtico entre a falta de interesse do aluno e o universo apresentado de forma paulatina, mas concreta e efetiva.
Outro ponto a considerar nessa pratica de ensino, é elencar alguns personagens do passado com atores do presente, ou até mesmo indicar ciclos políticos, econômicos e sociais que se repetem, como por exemplo, a corrupção na época do Imperador D. Pedro II, retratadas no filme “Mauá – O Imperador e o Rei” de Sérgio Resende, e correlacionar com o escândalo do mensalão em nossa época contemporânea. O que mudou? O que está igual nessas realidades? Discutir, debater, provocar reações, identificar contradições e controvérsias, tudo isso “com e junto” dos alunos.
A prerrogativa fundamental é desenvolver uma pratica de ensino embasado em escuta sensível, própria daqueles educadores que desejam verdadeiramente colaborar com o aprendizado do discente e, este, irá transformar sua própria realidade.
Infelizmente, alguns educadores tratam os jovens de hoje com arrogância e petulância do saber advindo de títulos, esquivando-se do cenário atual, que promulga uma ruptura e exige mudanças. Mas para aqueles professores que anseiam pelo desafio de melhorar a cada passo, a cada dia na sala de aula, esses, certamente iram desfrutar de um futuro promissor, considerando que a prática de ensino deve, portanto, nortear caminhos de criatividade e frequentes desafios, estimulando os discentes a brilhar, afinal, eles são os protagonistas na academia.
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¹ Fonte: Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SP- Acesso: 31/07/13 http://www.agenciasebrae.com.br/noticia/13711729/ultimas-noticias/brasil-e-o-terceiro-maior-pais-em-numero-de-empreendedores/
² Fonte: Portal Brasil – Acesso:31/07/13 http://www.brasil.gov.br/empreendedor/empreendedorismo-hoje/sobrevivencia-e-mortalidade