RESPOSTAS A NERUDA

(ESBOÇO PARA UM ENSAIO)

Tantas perguntas a mim são feitas e a tão poucas posso responder. Não por falta de argumentos ou de tentar achar respostas a elas, mas por infinita incapacidade de apreensão e ou dificuldade imensa de assimilar coisas complicadas em minha memória. Elas parecem simples, porém enganam a todos, quando se mostram de básicas resoluções.

Contraditoriamente ao que se poderia imaginar, gosto dos questionamentos que me são feitos, pois são eles que me levam a refletir sobre mim mesma e sobre esta coisa de pernas pro ar que virou o mundo.

Assim sendo, vou internalizando os questionamentos e descubro que arranjei um jeito de dar atenção a mim mesma, enquanto vasculho meu lado de dentro, em busca de respostas. Chego a me sentir com alguma importância e, cá entre nós, busco melhorar a performance, mesmo que seja apenas para mim, posteriormente. Sei que mereço esta atenção que pouco me dou, então, mergulho fundo em hipóteses e prováveis soluções para problemas existenciais.

Nesses arraigados aprofundamentos de mim mesma, no mínimo, estou aprendendo algo sobre mim e que, absolutamente surpresa, eu não sabia.

Posso não corresponder à intenção das questões que me são feitas, mas jamais deixo de responder a elas, quando a mim são dirigidas. Tento, busco respostas e, se não satisfaço ao esperado, percebo que recebi mais uma chance para melhorar aquele lado onde permiti que se depositassem alguns entulhos. Tento retirá-los dali e chamar uma caçamba que os leve aonde possam ser incinerados sem prejuízos a ninguém.

Neruda pergunta-nos se não vemos na seda sangrenta da papoula uma ameaça e se não percebemos que floresce a macieira para morrer na maçã. Respondo que até vejo e percebo (e você também vê, certamente), mas que posso fazer eu para que isto mude?

Tenho medo de usar a palavra e de que esta corrompa minha real intenção. Não fujo dela, entretanto, porque se ela cresce em minha língua, dou-lhe um nó cego e com a ponta que dela sobra, alongada, enxugo a lágrima que insiste em intrometer-se aonde não foi chamada.

19.08.2013

20:14

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 19/08/2013
Reeditado em 19/08/2013
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