O PODER DE ESCOLHA

“É preciso encontrar Deus dentro de si mesmo, ou imaginar que isto é possível fazer sem danificar o que existe de humanidade no âmago da criatura humana. Porque somos corpo e espírito, segundo o que aprendi como verdade familiar... Eu pressinto que tenho dentro de mim um deus assim posto, que me ajuda a descobri-lo melhormente. Todavia, nem sempre estou em gnose, porque ser-se humano é conviver com a incerteza do até quando, superando vicissitudes e reconhecendo a própria pequenez... Mas a inaudita fé pode vir a qualquer momento. É necessário estar-se vivo, e disponível para as descobertas... E estar-se junto ao próximo para tentar aplacar o sofrimento dos que sofrem, enfim, saber ser FRATERNO... Quando estou fraco, inseguro, portanto, mais humano ainda, imagino a tábua de salvação na outra margem...”. Joaquim Moncks, in TÁBUA DE SALVAÇÃO.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4409859

– Marilú Duarte, via e-mail, em 29/07/2013:

Religião e Psicologia sempre foram temas opostos, embora em determinadas circunstâncias ou em determinados assuntos, ambas se façam necessárias para melhor compreensão. Somos todos seres complexos e místicos, e por isso mesmo carregamos dentro de nós um Deus que se revela na palavra, ou se manifesta no silêncio. Ao pensarmos num contexto, sempre o teremos de analisar através de variados ângulos: sob o ponto de vista psicológico, biológico, genético, transgeracional, cultural, espiritual, etc. Negar Deus é como negar que existimos. Ficar indiferente a essa dualidade, material (corpo) e imaterial (espírito), é não reconhecer o mistério que nos habita e que nos torna tão especiais e diferenciados. Já Sócrates, que foi o primeiro grande poeta ético, propunha conhecer a natureza e a si mesmo, pois o conhecimento passaria a ser absorvido pelo homem. Exatamente como dizes: "É necessário estar-se vivo, e disponível para as descobertas". Enfim, o "Ser Fraterno" possui em si uma força proveniente da autorrealizarão, e é o resultado do redescobrir-se e descobrir no outro o seu elo de vinculação com o mundo. Esta é uma forma de desenvolver uma personalidade criativa, saudável e inteligente. Sem desconsiderar que essa força, muitas vezes é abalada por fatores externos e incontáveis vicissitudes e obstáculos, que, ao longo do caminho, temos que superar. Mesmo assim, é preciso que nos tornemos cada vez mais humanos e solidários. Somos a diversidade de ideias, de culturas, impérios, raças, civilizações, filosofias, religiões, de histórias que vão e vêm, que se interligam e se conectam ao presente, no passado e no imprevisível futuro. Precisamos compartilhar com o outro a nossa tábua de salvação, ensinar-lhe o caminho e principalmente orientá-lo na eliminação do narcisismo, da arrogância e da indiferença. Encontrar Deus dentro de si próprio, e saber dividir sofrimentos, o peso dos conflitos, as mazelas e os desencontros. O homem é um processo em construção que detém a liberdade e o poder de escolha. Escolher o caminho da fraternidade é chegar do outro lado com segurança e sentimento do dever cumprido. “Nenhuma forma de vida por si só é totalmente boa, a combinação é o todo. A vida é a arte de misturar ingredientes em proporções toleráveis.”, segundo Sydney Harrys, filósofo. Marilú Duarte.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4422036