Jesus

Cresci ouvindo falar em Deus.

Um Deus no trono, poderoso.

Deus cruel e vingador.

Fazia parte dos meus pesadelos, me provocava medo e pavor.

Também me falavam de Jesus, seu filho.

A imagem por mim criada era parecida.

Intocável.

Perfeito.

Vigiava a mim e a todos, nos mais íntimos e solitários momentos.

Era meu pavor.

Não era um Jesus de amor.

Sofri perdas.

Algumas menores , me prepararam para as maiores

As grandes perdas que temos pela vida afora.

Foi num momento de dor maior que pude ver e entender o amor.

Jesus.

Busquei, pesquisei, desafiei.

Encontrei.

Não percebo Jesus da forma que tanto ouvi..

Era moreno, não loiro.

Não seria possível, claro!

Tinha os cabelos queimados pelo sol, por isso pareciam loiros.

Nem tampouco tinha olhos azuis.

Pela mesma razão: sua origem.

Tinha olhar penetrante e magnetismo, no olhar e nas mãos.

Por isso fizeram azuis seus olhos.

Era silencioso, pouco falava mais meditava.

E quando o fazia, não era com esse tom quase angelical que assistimos na mídia.

Seu falar era forte, altivo e preciso.

Todos paravam para ouví-lo.

Carismático.

Era um homem bonito.

Jesus era forte, não franzino como vemos em muitos quadros e altares.

Falava com os olhos, curava com as mãos.

Foi o maior dos terapeutas.

Sabia ouvir e questionar como ninguém.

Era autêntico, espontâneo.

Jesus veio ao mundo como nós.

Sofria dores e dissabores.

Mostrou ao homem o caminho.

Viveu sua dor, nos amou.

É assim que sinto Jesus.

Assim Ele se faz presente em mim.