O QUE AS MULHERES PENSAM DOS HOMENS...


Se se diz a uma mulher que certo homem é inteligente, ela escreve mentalmente um zero. Se se diz que é culto, ela escreve outro zero. Se acrescentarmos que é belo, amável, com boa reputação social e tudo o mais que se quiser, ela acrescenta outros zeros. Se finalmente se confidenciar que ele é bom na cama, ela escreve um 1 antes dos zeros todos.

                      Vergílio Ferreira, in "Conta-Corrente 2"





O que é que as mulheres pensam dos homens? Esta a temática que me levou a escrever este simples ensaio, analisando a justeza das suas queixas. Não pretendo mais que fazer uma ponderação simples, sem pretensiosismos.
Talvez que o texto de Vergílio Ferreira não corresponda totalmente a esse pensamento, mas decerto que é muito crítico, sarcástico e polémico, tendo certamente defensores e detratores.

Concordo que as mulheres têm imensas razões de queixa dos homens, eles são cafajestes, sem moral, aproveitam-se da sua boa fé, usam e deitam fora, traem, enfim, não são precisas muitas leituras para chegar a esta conclusão. Falta de atenção, de compreensão, de paciência, egoísmo, volubilidade, cinismo, infidelidade, enfim, a lista é grande...
E em relação às queixas dos homens? As mulheres são caprichosas, volúveis, impacientes, cruéis, calculistas, temperamentais... Também podemos obter uma lista razoável de queixas.
E como é que as mulheres são tratadas pelos homens?
Certas religiões, como a muçulmana, escravizam a mulher, retirando-lhe todo e qualquer direito, por exemplo com o uso obrigatório da burka, uma educação repressiva, a penalização diferente para a generalidade dos casos consoante o sexo do réu, enfim...
As sociedades modernas evoluem muito lentamente, as mulheres continuam a ser tratadas com desrespeito e menosprezo pelos homens, por cá verifica-se que em profissões menos qualificadas estes têm, em média, um vencimento mensal quarenta por cento superior, executando exatamente as mesmas funções. No entanto e paradoxalmente, por mérito próprio, as mulheres ultrapassam os homens em termos de sucesso universitário, ocupam cargos de chefia, são competitivas e ambiciosas. No entanto, isso faz com que muitas vezes tenham que optar entre uma carreira de sucesso e constituir família.
Noutros aspetos verifica-se que também houve um progresso muito significativo, um acordar para a igualdade de tratamento entre homens e mulheres, sobretudo nos casais mais jovens onde a partilha de responsabilidades e no trabalho caseiro é já um fato. No entanto e apesar de tudo, é à mulher que cabe a maior parte do esforço, sendo mãe, esposa e dona de casa, para além de trabalhar de igual modo, tal como o homem.
Felizmente que o tempo do sofá, dos chinelos e da TV ou do jornal, enquanto se espera pela refeição, está a acabar. As domésticas estão em via de extinção. E estamos no bom caminho para que essa igualdade de direitos e de tratamento seja um fato!
Mas ainda há coisas a mudar pois os resíduos de uma sociedade machista demoram gerações a apagar. Prova disso é que desde Janeiro deste ano vinte e três mulheres foram assassinadas em Portugal, vítimas de violência doméstica.

Concluindo, acho que a maior parte das brigas, dos desencontros, dos problemas de relacionamento ou de outra índole, entre sexos, têm na maior parte dos casos a sua génese na falta de respeito, quase sempre partindo dos homens mas depois generalizando-se mutuamente. Só uma mudança de mentalidades, que se processará muito lentamente, poderá corrigir este estado de coisas, tornando as relações mais harmónicas e felizes e eliminando as queixas.


                                                              27/07/2013