Sobre a abordagem escolar acerca dos diferentes tipos de inteligência

Vou me focar na indagação a respeito dos tipos de inteligência.

Grosso modo, a teoria do psicólogo norte-americano Howard Gardner sobre os diversos tipos de inteligência preconiza que já nascemos com uma predisposição para que o cérebro realize certas conexões que quaando estimuladas adequadamente - e as condições ambientais permitirem - levarão inevitavelmente ao desenvolvimento de algum tipo de inteligência. São eles: Linguística; Musical; Lógico-matemática; Espacial; Corporal-cinestésica; Interpessoal; Intrapessoal. Todos possuímos esses tipos em algum nível, mas as condições supracitadas determinam quais tipos sobressair-se-ão em cada indivíduo.

O sistema educacional em geral dá valor especialmente à inteligencia lógico-matemática, pois é o tipo que é valorizado socialmente mesmo em níveis ordinários, o mesmo não ocorre com os outros tipos, somente gênios como Pelé (inteligência corporal) ou Beethoven (inteligência musical) conseguem o reconhecimento social por suas habilidades.

Devido a esse requisito social as escolas em geral se veem obrigadas a nivelar e buscar talentos apenas em dos tipos de inteligência e o resto de nós meros mortais acabamos confinados em nossos títulos de mediocridade e reduzidos à nossa insignificância de seres não talentosos.

"Em 1920, Lewis Terman, da Universidade Stanford, começou a monitorar cerca de 1.500 estudantes ditos 'superdotados', com o QI superior a 140. Sua hipótese era que essas crianças seriam a próxima geração da elite norte-americana. Gladwell aponta que essa ideia representa o modo como entendemos o sucesso, uma vez que há escolas e programas especiais para superdotados, além da preferência de algumas empresas por eles. O sucesso é uma soma de inteligência, esforço, contexto histórico e oportunidade, segundo o escritor norte-americano Malcolm Gladwell. Mas, ao contrário do que Terman esperava, o QI elevado não foi a matéria-prima do sucesso. No final do estudo, os 730 homens que apresentaram resultados conclusivos foram divididos em três grupos. Os 150 integrantes do grupo A (pouco mais de 20% do total) obtiveram sucesso: formaram-se advogados, médicos e acadêmicos, a maioria com pós-graduação. Os pertencentes ao grupo B - 430 homens, quase 60% do total - conseguiram resultados "satisfatórios": obtiveram o diploma de graduação e estavam em boa condição de vida. Já o grupo C, com 150 integrantes, obteve resultados inferiores a sua capacidade intelectual. Muitos deles exerciam funções secundárias, como vendedores de sapatos, ou estavam desempregados; apenas oito homens cursaram pós-graduação; um terço deles havia abandonado a faculdade e um quarto só possuía diploma do nível médio."

'A verdade nua e crua do estudo de Terman é que (...) quase nenhuma das crianças geniais da classe social e econômica mais baixa conseguiu se destacar', (...) o fracasso nesse caso não pode ser atribuído a características do DNA ou circuitos cerebrais. "O que elas não tiveram foi algo que poderiam ter recebido, se soubessem que era daquilo que necessitavam: uma comunidade ao redor que as preparasse para o mundo."

= trecho retirado de: http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/comportamento/os-varios-tipos-de-inteligencia-musical-intrapessoal-espacial-corporal-matematica-emocional-qual-e-a-sua

Sobre as escolas: Aquelas que tentam fugir do modelo padrão conteudista e meritocrático imposto pelo Sistema Educacional não conseguem contemplar todas as necessidades dos alunos devido ao despreparo não só das instituições de ensino para receber alunos especiais, assim como dos profissionais não habilitados que não têm competência para lidar com os estudantes, também as famílias são despreparadas no sentido de que muitas vezes se opõe às mudanças indicadas pelos professores, como pode ser visto no filme.

Torna-se mais fácil, desta forma, mais barato e menos dispendioso a curto prazo para as escolas, para as famílias e para a sociedade como um todo não investir no potencial criativo diverso do normo-padrão, e isso vale para todas as discussões já feitas por esta turma nesta disciplina.

Percebo que esta é uma visão macabra. O que deveria ser feito então no intuito de corrigir ou ao menos amenizar os efeitos maléficos deste pragmatismo social egoísta? A solução que eu enxergo me parece pouco uma solução, parece pouca coisa melhor e ainda cheia de falhas e contradições.

Deveríamos encontrar estes talentos infantes latentes, descobrir e classificar suas potencialidades e estimulá-los unicamente a partir daí? A priori parece-me simples e lógico, mas basta um segundo a mais de análise para perceber que esta 'solução' é tão pragmático/egoísta quanto a atualmente aplicada.

Ao classificar e investir num possível potencial de uma criança sem levar em conta ao menos o que a própria criança pensa sobre isso, mesmo que se deixem aspectos éticos à parte, analisando de modo puramente prático, ainda consigo ver falta de produtividade e queda no desempenho - portanto um desperdício de recursos e consequente inviabilização do projeto - ao levar em consideração que o trabalho alienado rende menos que o trabalho motivado.

As crianças criadas na condição de futuros seres que só têm valor ao produzirem para a sociedade estão fadadas à alienação. Qualquer tentativa de fazê-las perceber o porquê de sua importância sem espaço para debate (que não existiria por conta do determinismo biológico) seria apenas lavagem cerebral. Aldous Houxley faz uma previsão muito mais elaborada que a minha sobre este assunto, e essa sim é sinistra.

Final de semestre + Falta de remédio = Pedantismo exacerbado (maníaco?)

Taís Gollo
Enviado por Taís Gollo em 26/07/2013
Código do texto: T4406280
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.