Minha rua tem um buraco
Na minha rua tem um buraco
Que de mês em mês sorri.
No início era um sorrisinho
(inocente mesmo,
daqueles que nem dava pra incomodar).
Aos poucos foi se tornando uma gargalhada
Que despertou outros risos
E a rua virou uma risada
Que só não se ouve por poucos dias,
Enquanto come,
Em silêncio,
A ração do Departamento de Obras da Prefeitura.
O caminhão não apareceu neste mês.
Estou apreensivo, pois pelo desenvolvimento patológico da gargalhada
(Está até parecendo histeria!)
Acho que a prefeitura vai perder em sua próxima alimentação
O minério, o caminhão e os seus trabalhadores
No estômago de minha rua,
Que passará a exigir na sua cota de alimentação mensal
Uma porção de gênero humano...
E a sua gargalhada, por certo
Evoluirá para a demência.