SER É UM ESTADO DE INVENÇÃO

“Em arte, tudo passa pela emoção. É nela e por ela que se perfaz a relação literária, por mais singelo ou requintado que seja o espírito do leitor. Enfim, nos comovemos com aquilo que inexplicavelmente nos toca. Porque o prazer é pele, bem-estar. A apreensão intelectiva vem depois, nem sempre num átimo, portanto, sem imediatismos. A sensação boa de gozar o Novo é o que realmente importa. E define o bem que a peça traz ao seu receptor. Joaquim Moncks, in A MUDA LINGUAGEM.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4379327”

Bendito aquele que inventou a emoção, e que a escondeu sob os escombros de nossos desejos travestidos de ilusão. Por vezes desabrocham quais flores multicoloridas, impregnadas de espinhos, mas encantadoras por serem únicas. As emoções ultrapassam o tempo, a idade e o próprio sentimento, para se revelarem no aqui e agora. Somos o que expressamos: no afeto, nas palavras, nos gestos e até no silêncio. É no traçado de uma obra de arte, na imagem de uma figura humana, num soneto ou poesia, em um pensamento ou frase literária, no conto ou na fotografia, que por vezes o homem encontra seus traços, seus laços, sua própria luz ou seu interminável inferno. O novo que se visualiza, ou o inusitado que se configura, nem sempre está no texto ou nas palavras ouvidas, mas sim na emoção camuflada, que se descobre e se reveste de magia ou desencanto. Trabalhar nossas emoções é uma tarefa a ser cumprida, um movimento pulsional que dá sentido ao novo, e se vincula ao prazer ou desprazer. A experiência do dia a dia nos diz que nada está pronto e que as oscilações e contradições vivenciadas sinalizam mudanças em nossos estados internos. São esses afetos que se mobilizam ao lermos um poema, ao interagirmos e ao nos identificarmos com o texto ou contexto. Tudo deve ser sentido na medida exata. Se as emoções forem abafadas, criam o embotamento e o distanciamento, porém quando extremas e persistentes, podem tornar-se patológicas A representação simbólica das emoções positivas, devem ser pensadas, experimentadas, e portanto vivenciadas sem medo ou repressões. Olhar para dentro de si mesmo é o melhor caminho para o reencontro.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4381527