Ecologia política: o parasitismo partidário
Uma das relações ecológicas básicas é a de parasitismo; corresponde à exploração de um indivíduo por outro. O parasitismo é provavelmente a relação ecológica mais comum em nosso mundo. Essa relação está bastante estudada, sabemos como ela tende a evoluir. Parasitas internos, por exemplo, tendem a perder todos os apêndices externos, mantendo, basicamente, seus aparelhos digestivo e reprodutor, tornamdo-se máquinas de exploração e reprodução.
A plasticidade do homem permitiu que nossa espécie desenvolvesse o estranho fenômeno do parasitismo intra-específico, fenômeno relativamente raro, compartilhado em tão alto grau apenas pelos insetos sociais: formigas, abelhas e cupins.
O homem desenvolveu duas formas básicas de parasitismo: a escravidão e o parasitismo político. Esse último pressupõe, tradicionalmente, a criação de certas instâncias, entre elas os partidos.
Os partidos são o veículo de inoculação dos parasitas políticos na sociedade. Antes de se candidatar, o parasita deve se filiar a um partido, que lançará sua campanha. Desse modo, o partido é uma instância de poder, é necessário ao candidato passar por esse filtro antes de ser eleito.
Ao eleger um candidato o partido ganha mais tempo para a campanha “gratuita” na televisão. A campanha é gratuita para os parasitas, o povo paga por ela através de impostos.
Tem-se falado na extinção dos partidos políticos, o que pode ser confundido com uma atitude ditatorial, melhor falar em esvaziamento dos partidos. A primeira providência na direção desse esvaziamento seria eliminar a obrigatoriedade de se candidatar através de um partido: candidatos avulsos seriam permitidos, não necessitando do crivo dos partidos. A segunda seria o fim da distribuição de tempo de televisão.
Os partidos são, desde o início, fonte de corrupção. Filtram os candidatos, extorquem-nos, e roubam seus votos, distribuindo-os entre os líderes da curriola. Aliás, os partidos vêm sendo acusados de quadrilhas, um erro, constituem, mais propriamente, curriolas, uma aglomeração de bandos constituída para a locupletação de seus integrantes.
Posteriormente à eleição, os partidos têm tido ainda umas regalias, durante o funcionamento das atividades legislativas; seriam todas eliminadas.
Esvaziados, dessa maneira, os partidos perderiam o sentido, os candidatos avulsos seriam eleitos, não necessitando mais se comprometer com a curriola corrupta que perpetua o quadro político tradicional no Brasil.
Nesse momento, devemos estar atentos e focados na construção de mecanismos de representação direta. O surgimento da rede de computadores permite que o conjunto dos cidadãos se auto-governe, sem a necessidade de políticos; logo poderemos erradicar esses parasitas. Momentaneamente, no entanto, vivemos um cenário de transição, e enquanto não aperfeiçoamos os canais de representação direta, devemos manter um legislativo híbrido, exercido indiretamente pelos parasitas, e diretamente pelo povo, simultaneamente
Nesse quadro, o esvaziamento dos partidos constituirá enorme avanço, erradicando assim a curriola corrupta que os utiliza para explorar o povo. Constituirá obra de saneamento, tão necessária para a erradicação desses parasitas, quanto a construção de esgotos para o controle dos vermes.