OS VIVENTES

Chega, pelo Recanto das Letras, um comentário sobre um texto de minha lavra. Percebo, implicitamente, o convite para que eu acesse um texto do comentarista. Surpreendo-me com o teor do que leio, especialmente pela tenra idade do autor. E me surge, pelo inusitado e majestade do texto, a vontade de comentá-lo:

“A MORTE E A VIDA

L.C. Júnior (12 anos)

eu estava pensando

o que a morte é

o que ela não é...

se ela fosse boa nós

não choraríamos para ela

se ela fosse ruim nós

não a esperaríamos

mas a vida também é assim

nós não a esperamos

mas também não adoramos

se fosse assim mesmo

não nasceríamos chorando

mas um fato todos conhecem

os dois são tristes e ninguém nunca

se esquece

fico triste em saber

que alguns nem pensam no que crer

em quanto ainda vivem

no temor do próprio viver.

(desculpe a falta de poesias para os leitores que me acompanham.

Fiquei um tempo sem inspiração e com alguns problemas em questão,

mas obrigado por ler, e valeu por vir me ver.)

Enviado por Luis Carlos Júnior em 09/06/2013.

Código do texto: T4333367.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/4333367”

Parabéns, querido amiguinho Júnior. Gostei de tua reflexão sobre vida e morte, apesar de ser um tema que dificilmente é do universo de preocupação de alguém com idade próxima à tua. "Se conselho fosse bom, não se dava, se vendia", diz o ditado popular. Mas, ainda assim, eu - ao observar a tua carinha e o teu sorriso de portas abertas ao futuro - sugiro que brinques mais e busques gozar a vida, sem te deixar levar pelas preocupações que estão em nosso entorno a todo momento, aos olhos e à cuca dos mais velhos... Não tenhas pressa, o mal e o bem andam juntos, mas um coração bom não se abre ao mal com tanta facilidade... Estuda e reflete sobre o que te passam os bancos escolares, procures ler muito, para que possas entender o provável sentido da vida expressado pelos fatos. DO NADA NASCE O NADA. Sem leituras e estudo o texto da gente torna-se repetitivo... Sempre digo que aquele que escreve não é o EGO, e, sim, o ALTER EGO – o sujeitinho que está dentro da gente e que pertence a outra dimensão espiritual, mas, por ora vive por aqui: um velho sábio ditando lições. Nós – os viventes – somente carregamos a sua alma, pode-se assim dizer... Sempre digo, também, que o universo espiritual do escritor é governado por um espírito antigo, que me parece, por vezes, já haver tido passagem pelo plano terrestre... Seria capaz de afirmar que o que tu escreveste nesta peça é algo proveniente desse ALTER EGO. Aos doze anos, alguém falar sobre a morte tão bem (e curiosamente urdido), induz-me a pensar que o teu destino está traçado, apesar das naturais influências de Maria, tua mãe, escriba dedicada. Tu serás um escritor... E, para que não digas que ninguém te alertou, faço a minha parte... Que leias muito, porque a humanidade do momento (e de todos os passados) necessita de gente como tu, com olhos abertos para o Futuro. Amo-te, meu filho e irmão amado. Traze o Bem em tua mochila. Nada te poderá deter...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4356009