A SUBSTÂNCIA DA ILUSÃO

Nem sempre a Poética elege os seus próprios desígnios... A verdadeira Poesia sempre surpreende... Quando ela se apresenta na qualidade de musa, vem ao mundo através de um singelo recado amoroso. É apenas aquilo que aparentemente parece ser: a beldade na passarela, num desfile de beleza aos olhos de todo o público. Todavia, não se contenta com esse usual detalhe exterior, pois a sua estética vem do âmago docemente visceral e fértil das entranhas. Mesmo no úmido lodaçal dos olhos tristes, o sentir reproduz-se num lírio branco, singelo e puro. E a tolice dos sexos imagina colhê-la pelo também aparentemente simples nexo dos desejos... (“Docemente visceral”, de Joaquim Moncks, em http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/4339493 ).

– Marilú Duarte, comenta, via e-mail, em 13/06/2013:

A palavra é a substância da ilusão. Sua interpretação envolve os fenômenos transacionais e todo o seu simbolismo. Quando o poeta surpreende com a complexidade inovadora do seu Eu (self) a sedução de sua palavra ultrapassa todas as fronteiras. Como a Musa, ela se expõe, se oferece, se mistura, se desintegra e se enrosca nas vísceras delirantes da mente receptiva do leitor, que se fusiona para nela se espelhar, na tentativa desenfreada da descoberta de si mesmo. Todo objeto é parcial, e todo desejo remete ao objeto primeiro, que, sendo único, é mítico e regressivo. O sentir, ao reproduzir-se num lírio branco, ressignifica(*) o simbólico e reinventa o real.

(*) O significado de todo acontecimento depende do filtro pelo qual o vemos. Quando mudamos o filtro, mudamos o significado do acontecimento, e a isso se chama ressignificar, ou seja, modificar o filtro pelo qual uma pessoa percebe os acontecimentos, a fim de alterar o significado desse acontecimento. Quando o significado se modifica, as respostas e comportamentos da pessoa também se modificam. (Wikipédia)

– Do livro O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4346865