O QUANTO NOS CUSTAM "VINTE CENTAVOS"?

(ENSAIO)

Dizem que estamos num Estado Democrático de Direito, portanto, expressar opiniões, principalmente as relacionadas com a vida cidadã, é uma atitude que nos é legitimamente assegurada.

Sinto tal possibilidade maravilhosa e entendo que tal consiste numa das nossas maiores conquistas democráticas...que deveria ser incorporada na nossa sagrada paz social, tão castigada nos últimos tempos.

Paradoxo entre nós, assim, São Paulo cidade e tantas outras localidades do nosso país, atualmente se vêem num impasse sócio-político- financeiro quanto ao alto custo da composição atual das passagens do tranporte público.

Soma-se ao impasse o fato de que estamos num pico inflacionário preocupante e não adianta os gestores públicos negarem tal evidência do nosso dia -a -dia.

Nosso bolso grita a cada pãozinho, a cada cafezinho, a cada passagem cara para a tão defendida cidadania.

Todavia, frente às manifestações calorosas pelo recuo dos preços das passagens de ônibus aqui na capital, há os que perguntam: "mas tudo isso só por vinte centavos"?

Ocorre que vinte centavos somados ao dia- a -dia no transporte público indigno, não apenas consomem boa parte do suado mínimo como também impactuam no psicológico social, diante da nossa vida tão fustigada visivelmente, a nos proporcionar nítido declínio na qualidade de vida da cidade.

"Água mole em pedra dura...".

Não precisamos ser doutos em sociologia para perceber que a tensão social na cidade é grande.

Todavia, se a passagem de ônibus é apenas uma das questões financeiras diretas que minam o mínimo suado da maioria trabalhadora, o que dizer, por exemplo, das tantas corrupções que nos assolam e nos minam direitos humanos legítimos?

Se vinte centavos são caros...quanto nos custa, então, cada centavo desviado que não chega ao leito hospitalar, que não chega ao remédio urgenciado, que não chega ao professor, que não chega à construção de escolas, que não chega à educação com qualidade, qe não chega à segurança pública, que não chega à habitação popular?

Qual seria o nosso passivo social invisível resultante da corrupção, dos incontáveis vinte centavos que nunca chegam aonde deveriam chegar?

E muitos perguntam: por que ninguém reclama dos vinte centanos que niguém vê, mas que diariamente minam a cidadania a gargalhar da impotência social provisionada?

Deixo aqui a pergunta. Eu não sei respondê-la.

Vandalismo também é um termômero da qualidade política e social dum povo.

Uma cidadania legítma aprende a reivindicar pela justiça em clima de paz.

Estamos longe disso.

Enquanto o sagrado público for palco de oportunistas que minam as boas intenções do bem estar social, muitas depredações irão rolar, infelizmente.

Enquanto isso, nós cidadãos de bem ,seremos meros reféns mudos cuja opinião cidadã nunca pesa na balança tão desproporcionada da nossa enraizada e tamanha injustiça social.