Sem espaço para viver

O site da BBC Brasil, divulgou uma série de fotos tiradas pela ONG Hong Kong Society for Community Organization (SoCO) que mostram cubículos, onde residem moradores que em sua maioria são idosos, desempregados e famílias de baixa renda que vivem em Hong Kong.

O país possui uma das maiores densidades populacional do mundo (6.300 pessoas por quilômetro quadrado). O menor apartamento visitado pela ONG (e bota menor nisso) tem cerca de 2,6 metros quadrados e era alugado por um homem solteiro e desempregado.

Para piorar, um número crescente de imigrantes chega ao país pela China. Este surto, aumentou a procura pelo limitado mercado imobiliário, resultando no encarecimento do aluguel.

Ao fazer estas fotos de residências inadequadas e descobrir esse problema a ONG destacou que o principal objetivo foi o de divulgar e levantar esta preocupação junto ao público e governo.

Esse claustrofóbico cenário fez eu lembrar do sugestivo filme: Feios sujos e malvados. Com uma feroz crítica social e humor ácido, o longa tem como contexto as favelas italianas na década de 70, onde o personagem Giacinto Mazzatella (Nino Manfredi) vive em um barraco com sua esposa, dez filhos e diversos outros parentes. Devido o pouco espaço disponível, eles dormem praticamente um ao lado do outro.

Apesar das particularidades históricas e culturais de cada local, não é preciso ir longe para encontrar situações precárias de moradia como a do filme de Scola ou dos “apertamentos” de Hong Kong. Muitas vezes, basta olhar ao redor.

Mesmo pesquisas como o do IPEA (2003 a 2009) demonstrar que Brasil teve melhorias significativas no aspecto habitacional, ainda apontam que uma grande parcela da população vive em áreas degradantes, estando localizadas em regiões pauperizadas ou zonas de risco afligidas por: secas, fortes chuvas, etc.

A questão de residências com espaço recluso, embora não assuma proporções dos países asiáticos tornou-se um problema recorrente, principalmente nas cidades médias e metrópoles brasileiras. Os motivos são inúmeros e não cabem ser respondido nesse post.

De qualquer modo, seja em um cubículo de 2,6 metros na capital em Hong Kong ou em um barraco prestes a desabar no Rio de janeiro, quem não tem pra onde correr quando as coisas apertam, geralmente são os mais pobres que arcam com o descaso dos governos e de políticas públicas ineficazes.

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Segue o link da BBC para visualizar as outras fotos da ONG de Hong Kong Society for Community Organization (SoCO):

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130313_galeria_espacos_pequenos_fn.shtml

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 09/06/2013
Reeditado em 09/06/2013
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