Acalanto

Acalanto meus sonhos com alma de menina;

Choro o tempo consumido nas fendas da eternidade.

Sinto saudade da juventude de outrora;

Lamentos das horas e delírios esgotados pelo dia.

Gosto amargo da indelicadeza do destino.

Choro da tristeza atormentando a alegria;

Escolhas feitas nos desvarios das emoções passageiras.

Avessos das experiências adquiridas pelos caminhos por onde andei;

Inveja incontida, imperfeita e imprecisa;

Saudades das poças d’água nos dias de tempestades.

Solidão amarga de quem chora pelo passado enferrujado na porta do tempo.

Sinto falta do abraço, do cheiro das flores no jardim do Universo;

Coloridas margaridas lembrando-me rosas amarelas.

Lá onde o sol se esconde reside minha esperança;

Moro aonde vive a utopia;

Do lado avesso da caixa de Pandora.

Ouço o grito do tempo suplicando sossegos.

Verto lágrimas com gosto de vida clamando pelo dia.

Sussurros audíveis a olho nu.

Sou a vida desassossegada no berço embalando as horas.

Na espera da alegria almejo a esperança que se principia.

Sou eu quem clama no deserto pela água que escorre do céu.

Sacio de sede na secura da alma alienada a carne.

Olho a espreita da janela e vejo miragem;

Esperança aturdida nos sonhos da espera.

Nas estradas! a vida deixa marcas de passos indecisos .

Solidão peregrina de caminhos a procura de eu mesma.

Turbilhões de idéias e pensamentos que confundem minha razão.

Quero o tempo de minha inocência com pés na terra olhando a vida.

Deitada no chão com o sol acariciando a pele na soleira da porta.

Cabelos cacheados soltos ao vento;

Brisa suave com cheiro de flores.

Aroma de café saltando da fresta, lá da plantação!

Ouço vozes, alaridos, cantos, vindos de todas as direções;

É a vida que clama e me chama...

E por um momento deixo os sonhos e vou viver.

SOLANGE OLIVEIRA
Enviado por SOLANGE OLIVEIRA em 23/05/2013
Reeditado em 22/03/2023
Código do texto: T4305798
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