Humanismo e o futuro da humanidade
O período do humanismo inicia-se no século XV com a idéia renascentista da dignidade do homem como centro do Universo, prossegue nos séculos XVI e XVII com o estudo do homem como agente moral, político e técnico-artístico, destinado a dominar e controlar a Natureza e a sociedade, chegando ao século XVIII, quando surge a idéia de civilização, isto é, do homem como razão que se aperfeiçoa e progride temporalmente através das instituições sociais e políticas e do desenvolvimento das artes, das técnicas e dos ofícios. O humanismo não separa homem e Natureza, mas considera o homem um ser natural diferente dos demais, manifestando essa diferença como ser racional e livre, agente ético, político, técnico e artístico.
O Planeta não tem mais como suportar e "sustentar" uma população de mais de 6 bilhões de humanos. Pelas formas que caminhamos, chegará um momento, e não está muito longe, que os espaços desses e até muito mais dos 6 bilhões de humanos estarão escassos e o processo poderá então seguir, pelos rumos de um Estado Radical ou de um Estado de forma Cruel.
Com as questões ambientalistas em pauta neste inicio de século, de um milênio, as discussões em torno deste tema, Humanismo e o futuro da humanidade, rumam para os aspectos do Porque É Assim e do Porque Tornou-se Assim.
Talvez só podemos entender o mundo tal como ele É hoje a partir do que ele poderia Ser. Ao olharmos um mundo da perspectiva de um mundo melhor que ele poderia ser, enxergamos nesse mundo os obstáculo para que se alcance uma tal configuração melhor do mundo com um mundo melhor, ou seja: achar propostas em que cada Ação de Um de Nós como sendo um destino plural.
* O filosofo Oswaldo Giacóia Jr. nos conta em sua palestra que o filosofo alemão chamado Peter Sloterdijk em uma conferência no ano 2000, disse que o humanismo precisa passar por uma crítica verdadeiramente radical. Isso é: que o humanismo nada tinha ou tem de inocente, mas que o humanismo era uma forma de domesticação do homem. Portanto, uma forma "antropotécnica", ou seja: uma técnica de modelar seres humanos. Essa modelação se dá através da literatura humanista desde Cícero (106aC-43aC) e da literatura religiosa, espiritual. Seria uma maneira de criar um determinado tipo de homem, um homem manso, pequeno, etc. O humanismo então não tem nada de inocente e sim, é uma técnica política. Mas também, isso não é nada de novo, pois já está em Platão.
Sloterdijk é acusado na Alemanha de ser nazista, de ser alguém que prega ou estava pregando eugenia. Mas no fundo o que Sloterdijk está querendo dizer é que, dadas as possibilidades abertas pelo desenvolvimento atual da tecno-ciência, por que não tomar nas nossas próprias mãos as possibilidades de construir uma outra antropotécnica, que seria uma espécie de resultado da genética.
Na verdade, Sloterdijk tem um estilo provocativo e então, coloca ainda: se essa já é uma inspiração desde Platão, não adianta agora ficar com subterfúgios dizendo declinar diante desse poder alcançado da evolução humana e, estaria na hora de levar a um pensamento sobre a engenharia genética como possibilidade de antropotécnica.
A engenharia genética, clonagem humana, neste inicio de século XXI são temas de fervorosas discussões e tal colocação de Sloterdijk gerou uma imensa discussão na Alemanha quanto a ética e aos princípios e procedimentos éticos, regras de padrões éticos estabelecidos pela política e intensa recusa por parte religiosa.
Os homens possuem talentos super desenvolvidos e outros talentos poucos e nada desenvolvidos. Os homens são fragmentos de homens. Há homens só pensamentos enquanto há homens só invenções, criações, há homens só coração, só olhos, só orações... Há uma hipertrofia e essa hipertrofia pode ser de uma virtude extremamente positiva, mas só tem essa. Quanto evolução, a superação do homem pelo homem seria a totalidade de todas as virtudes intensificadas.
Portanto, num contexto de abordagens, pode-se levar para uma linha especulativa de alguns contornos:
_Se o homem decodificou o genoma e pode combinar genes de tal maneira, poderia então o homem produzir e fabricar indivíduos superiores e inferiores em escala industrial, tal como Aldous Huxley imaginou em seu Admirável Mundo Novo? (Pode ser que seria um patamar de auto-determinação jamais alcançado, ou até, para alguns, seria uma espécie de realização de uma frase de Nietzsche: "A ciência não só pode desvendar os enigmas da existência, mas pode corrigi-los". Creio que tal interpretação seria absolutamente perversa do pensamento de Nietzsche, porque toda a dimensão da tragicidade da existência estaria negada. Esse homem seria um produto tecnológico como qualquer outro produto tecnológico da capacidade de produzir).
_Se como disse Sloterdijk que o humanismo é uma forma de domesticação do homem, uma técnica de modelar seres humanos desde Platão, então por que não modelar o homem para servir ao mundo e não para servi-se do mundo? Um mundo tal como John Lenon propôs em sua canção Imagine.
_Seria então este homem "genético" um artefato de produto, digamos, de um humanismo fabricante de uma nova identidade, de uma nova humanidade, de um novo mundo contribuindo para melhorar o futuro do ser humano?
_Seria um destino evolutivo do homem já traçado por forças invisíveis, por Deus, semelhante ao dilúvio ou algo parecido como aniquilação "daquela" sodomia, que mudaria radicalmente, completamente e definitivamente a trajetória do ser humano?
_ Ou seria um novo traço da existência determinado então e somente do homem pelo homem?
_Tal traço seria uma catástrofe, um momento decisivo da tragédia e da comédia humana, da humanidade?
_Neste momento, no momento desta catástrofe, poderia revelar aquilo que até então estava oculto e aquilo que de fato determina o sentido dos acontecimentos, como se tudo se resolvesse de um fim determinante que muda inteiramente o curso dos acontecimentos?
As idéias da Razão pressupõem que, mais dia menos dia, as leis de funcionamento da natureza e da sociedade serão conhecidas e portanto, poderão ser aplicadas para "domesticar" o futuro. A velocidade da tecnologia e a instabilidade do "modernismo" no entanto, vem colocando por terra essa crença.
Parecendo com uma daquelas histórias de ficção, é sabido que as técnicas descobertas dos materiais biológicos, cordão umbilical, célula tronco, direcionadas e aliadas com chips eletrônicos, podem retardar o envelhecimento e os acidentes cárdiovasculares. Dizem que com esse processo, a vida do Ser Humano pode ser esticada em até uns 120 ou 150 anos. Que se esse processo for utilizado no individuo de 20 anos, quando chegar aos 80, ele terá a mesma vitalidade de um individuo de 40.
Mas é sabido também que a velocidade tecnológica "evolutiva" ao mesmo tempo que descobre maravilhas, causa também sérios problemas e desajustes. Hoje, uma máquina com uma, duas ou no máximo três pessoas trabalhando em sua operação e manutenção, realiza um trabalho que antes eram necessário a mão-de-obra de 10, 20, 50 pessoas.
O planeta já ultrapassou o seu limite de sustentabilidade há algumas décadas sem que pudéssemos perceber. O aumento progressivo do desemprego e da miséria em todo mundo, estimulado pelas inovações tecnológicas a cada instante substituem a mão de obra braçal deixando-a cada vez mais ociosa e descartável.
O que é fácil notar é que a terra tem o seu limite e quanto mais povoada, maior será a quantidade de recursos naturais utilizados. Quanto maior for o crescimento populacional desordenado, mais difícil será atingir o desenvolvimento sustentável.
Hoje temos uma população mundial de mais 6 bilhões e o avanço tecnológico vem reduzindo e limitando o "espaço" do individuo. Ainda são tímidas as discussões e ações sobre o controle populacional, mas há uma expectativa para 2025 de 8,5 de bilhões de habitantes no planeta
[{(Espaço + conflito de interesses) ÷ (nascimento + fome + empregos + expectativa de vida + sistema previdenciário) ÷ Recursos} ] = X
Quais são as técnicas e idéias realistas para se resolver essa equação, achar o xis da questão?
Sem perspectivas de um mundo melhor, sabendo como tornou-se e como é o mundo hoje, que seus caminhos sempre rumaram para a dominação do mais fraco pelo mais forte, a engenharia genética sobre este pensamento colocado nesse ensaio, seria algo de moral ou imoral? Poderia ser uma alternativa de busca de um complemento de um futuro melhor para a humanidade ou seria uma escolha perigosa que nada mudaria ou até pioraria o sentindo da dominação?
A história já produziu algo parecido, o exemplo (mal sucedido) e a experiência de Hitler (filme Os Meninos do Brasil). Mas, em escala planejada e melhorada, tirando os efeitos danosos, podia ser algo parecido tal como Aldous Huxley imaginou em seu Admirável Mundo Novo?
Homens produzindo e fabricando homens condicionado com uma determinada função para ocupar um determinado espaço limitado e agir para a sociedade e para o mundo (um mundo tal como John Lenon propôs em sua canção Imagine). Um homem modelado e domesticado em sua forma de poder, de liderar, de pensar, de criar, de desejo, necessidade, carência, emoção, de agir e de reagir.
Mas... de que forma liderar, alinhar e ajustar esses homens fabricados? Com as formas conhecidas e vícios atuais da sociedade, são completamente impossíveis. Para homens produzir homens precisaria criar outros conceitos e formas da razão, de sociedade. Precisariamos agora de um outro dilúvio.
Há um forte e grande impacto e conflito, de todos os meios, em relação aos procedimentos éticos e morais ao uso das descobertas da engenharia genética.
Creio que já, há tempos o mundo vem tentando equilibrar de várias formas o desequilíbrio de tal equação.
Mas, o mundo tal como conhecemos, me leva a observar que estamos muito longe dos reais interesses para que se resolva essa equação, para um mundo melhor para todos e todos então vivendo em um mundo melhor. Há uma enorme "preguiça do pensar questionativo" ou enorme cumplicidade desses mesmos meios em relação a engenharia biológica e o que está em curso.
O vírus da AIDS por exemplo: É de se estranhar o processo de transmissão desse vírus; relação sexual, drogas injetáveis (as maiores diversões-prazeres dos seres humanos) e transfusões de sangue.
Há forte recusa da maioria dos países em criar e adotar uma política de controle populacional.
Será que tal vírus não foi criado pela engenharia biológica?
Conseqüências: Milhões de óbitos, pesquisas e criações de remédios, lucro das industrias farmacêuticas mantendo direto e indiretamente uma cadeia de milhares de empregos.
Descaso dos governos com as políticas de Segurança mais a TRilhonária produção de drogas e seu trilhonário consumo e tráfico resultam em violência e outros tantos milhões de óbitos.
Se o homem decodificou o genoma e pode combinar genes de tal maneira, poderia então o homem produzir e fabricar um vírus ou uma bactéria não mutante para dizimar por completo todas as culturas, lavouras de Drogas?
Mas... seja lá como for... Esperança
Continuemos com o nosso curso, Vivendo e Esperando...
Esperando Dias melhores.
* baseado na palestra de Oswaldo Giacóia Jr. http://cafesfilosoficos.wordpress.com/2009/04/30/o-impacto-de-nietzsche-no-seculo-xx-oswaldo-giacoia-junior/