Promessa de vida
Choro o tempo que escorre pelos meus dedos...
A vida vivida sem vontade.
Lágrimas, tristezas por você que não veio.
Choro pela coragem guardada na alma sem uso; comida pelo mofo da covardia.
Gritos presos na garganta,
Íra sufocada na asfixia da cólera se passando por cordeiro.
Tentativa ingrata da tristeza se vestindo de alegria.
Sou um contexto, uma mistura.
Sou tudo e no restante sou nada.
Sou fogo que queima, sou brisa...
Sou ego comendo a alegria;
Sufocando a dor com medo da paz.
Visto a alma de criança;
E reaprendo a brincar e a amar
Danço na chuva, pisando em poças d’água.
Sou Kitaro segurando o som da vida numa nota só.
Indelével sussurro no tom do prazer.
Melodia inacabada na fresta do tempo da minha vida.
Música vibrando na alma;
Trancada pelas máscaras.
Sou tempo que chora... Que vai e volta
Sou água podre na escuridão da alma;
Minando sossegos e sonhos;
Vertendo verdades sombrias, chorando conflitos;
Suplicando paz...
Olho pela janela e vejo admirada;
Que a vida não deixa de existir por minha causa;
Pelos meus abandonos ou pelas minhas alegrias...
A vida continua a prosseguir calma e serena;
Ela caminha, faz parte da sua essência viver.
Semente paciente à espera do sopro da vida;
Em um esforço calmo e divino apontando para a eternidade;
No pular dos segundos me convida a dançar e a viver...
Sussurro num sorriso para o sol... Cheguei!
Para olhar o mar...
Corro para seus braços, sem saber o que fazer...
Desajeitada, cambaleante e aos tropeços me lanço...
...E vou viver.
E assim uma alegria momentânea toma conta do meu ser.