GLAUBER ROCHA - O PAI DO CINEMA NOVO
Glauber Rocha - 1939 - 1981
Comentários sobre a vida e a obra do PAI DO CINEMA NOVO
Glauber Pedro de Andrade Rocha nasceu em 14 de março de 1939 em Vitória da Conquista, Bahia, na rua Dois de Julho. Filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e Lúcia Mendes de Andrade Rocha, foi o primogênito da família, que completou-se família com as irmãs Ana Marcelina e Anecy de Andrade Rocha.
Em 1947 a família migra para Salvador, em função dos negócios do seu pai, comerciante, que depois dedicara-se a vida de construtor de estradas de ferro e de rodagem.
Em 1948 Glauber passa a freqüentar o colégio Dois de Julho. Aos nove anos, escreve, em espanhol, a peça El Hijito de Oro, que é encenada no colégio pelo professor Josué de Castro e cujo papel masculino principal é interpretado pelo próprio Glauber.
Faz o curso clássico no Colégio Central da Bahia, a partir de 1954. Torna-se membro do Círculo de Estudo, Pensamento e Ação (CEPA), dirigido por Germano Machado. Participa do grupo Jogralescas Teatralização Poética, que encenava poesias brasileiras. Em seguida, colabora no fiIme "Um Dia na Rampa", curta-metragem de Luiz Paulino dos Santos.
Em 1957 ingressa na Faculdade de Direito da UFBa., cursando até o terceiro ano.
Em seguida, passa a colaborar na imprensa, no jornal de esquerda “O Momento”, nas revistas culturais “Mapa” e “Ângulos” e no semanário “Sete Dias”.
Com parcos recursos, filma Pátio, utilizando sobras de material de “Redenção”, de Roberto Pires (primeiro longa-metragem baiano).
Em Belo Horizonte, no Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) entra em contato com Frederico de Moraes, Maurício Gomes Leite, Flávio Pinto Vieira, Fritz Teixeira Salles, Geraldo Fonseca, responsáveis pelas edições da Revista de Cinema e revista Complemento. Glauber propõe as idéias iniciais para um cinema novo, mas não os convenceu. Levou o projeto a Nelson Pereira dos Santos, no Rio e o cineasta achou muito interessante, passando a adotar parte do pensamento de Glauber.
Em 1958 foi repórter de polícia do Jornal da Bahia, trabalhando ao lado de Inácio de Alencar, Ariovaldo Matos, Paulo Gil Soares, Fernando da Rocha Peres e Calazans Neto. Escreve artigos sobre cinema e assume a direção do Suplemento Literário do JB, acumulando trabalho na prefeitura de Salvador.
Em 1959 conclui Pátio.
Em junho de 1959, casa-se com a colega de universidade e atriz de Pátio, Helena Ignez. Inicia as filmagens de seu segundo curta-metragem, o inacabado Cruz na Praça, baseado num conto de sua autoria, "A Retreta na Praça", publicado no “Panorama do Conto Baiano”. Inicia uma fase de artigos sobre cinema no Jornal do Brasil e no Diário de Notícias.
De temperamento explosivo, polêmico, consagrou-se como "O pai do cinema novo", ganhando prêmios nos festivais mais importantes do mundo. Apesar de ter boas amizades políticas, foi preso pela ditadura militar. Sem esquecer que era invejado e até boicotado por alguns intelectuais de esquerda e de direita.
Glauber lutava por um cinema descolonizado e escreveu alguns clássicos da literatura cinematográfica brasileira. Sua obra prima é o filme “Deus e o diabo na Terra do Sol”.
Após sua morte em 1981, dezenas de teses acadêmicas, monografias e livros sobre sua obra vão-se acumulando.
Pensamento Glauberiano
— "Nosso cinema é novo porque o homem brasileiro é novo e a problemática do Brasil é nova e a nossa luz é nova e por isso nossos filmes nascem diferentes dos cinemas da Europa”.
“No Brasil, o Cinema Novo é uma questão de verdade e não de fotografismo. Para nós, a câmera é um olho sobre o mundo, o travelling é um instrumento de conhecimento, a montagem não é demagogia, mas a pontuação do nosso ambicioso discurso sobre a realidade humana e social do Brasil!”
“Temos que multinacionalizar, internacionalizar o mundo dentro de um regime interdemocrático, com a grande contribuição do cristianismo e de outras religiões, todas as religiões. O cristianismo e todas as religiões são as mesmas religiões. Entre o entendimento dos religiosos e dos políticos convertidos ao amor..."
“Sua frase mais repetida é: “Idéias na cabeça e uma câmera na mão!”
Pensando como os gênios, Glauber anteviu a globalização...
"Barravento" recebe o prêmio Opera Prima no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary, Tchecoslováquia, em 1962. No mesmo ano, o filme também é apresentado no Festival de Sestri Levanti, Itália.
Produz o curta-metragem “Imagens da Terra e do Povo”, de Orlando Senna.
Em 1981, adoeceu gravemente em Portugal tendo sido transferido para o Rio de Janeiro em estado crítico, vindo a falecer na Clínica Bambina, em Botafogo, aos 42 anos de idade.
Principais Filmes
"BARRAVENTO" - Em agosto de 1963, Barravento foi selecionado para o Festival de Cinema de Londres, em setembro, incluído entre os dez filmes selecionados para o Festival de Cinema de Nova York que inaugura o Lincoln Center for the Performing Arts.
"Deus e o Diabo na Terra do Sol" - "Terra em Transe" - "Câncer" - "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" - "O Leão de 7 Cabeças" - "Cabeças Cortadas" - "Claro Dia" - "Idade da Terra".
Em Vitória da Conquista, Terra natal de Glauber, em 1996, nas comemorações dos 100 Anos do Cinema, várias homenagens lhe foram prestadas.
O Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, sob a nossa direção, criou exposição permanente de duas máquinas projetoras que adquirimos por doação em Salvador. Na abertura, além das máquinas, o foyer do Centro de Cultura foi palco de belíssimo desfile de atores e atrizes caracterizando grandes estrelas do Cinema, com figurino de época...
A UESB realizou sessão solene, no Centro de Cultura, quando outorgou a Glauber Rocha o título de Doutor Honoris Causa, cujo laurel foi entregue a sua genitora, D. Lúcia Rocha. Em 1999, a UESB inaugurou seu principal auditório, batizando-o como Teatro Glauber Rocha.
Recentemente, a prefeitura construiu um complexo cultural na Av. Integração que é multifacetário, como Centro Cultural Glauber Rocha.