Porque a virtude, esta deve ser praticada...
“Um dia um homem o fez entrar em uma casa ricamente mobiliada e disse-lhe: ‘Principalmente não cuspa no chão.’ Diógenes, que tinha vontade de cuspir, jogou-lhe o cuspe na cara, gritando-lhe que era o único lugar sujo que havia encontrado para poder fazê-lo.”
(D. Laércio- A vida de Diógenes - V)
Queria ter conhecido Diógenes, o Cínico. Diógenes de Sinope. Diógenes, o Louco.
Remete a ele algumas de minhas memórias mais felizes daquilo que nunca fui...e do que eu nunca serei.
Ele se destaca cá, na rede de minhas idéias, de tantos e tantos outros que comigo já se fizeram companhia na longa estrada dos meus dias.
Diógenes andava semi nu sobre as ruas.
Fazia suas necessidade físicas em qualquer lugar, sempre que a mãe natureza lhe ordenava.
Vivia por aí, sozinho, buscando a sua verdade.
Fez da pobreza material absoluta sua maior virtude.
Andava sempre com uma lamparina nas mãos e mesmo ao dia mantinha a chama acessa.
Quando questionado a respeito de tal ação descabida, respondia ao transeunte que passava:
“- Estou apenas a procura de um homem verdadeiro!”
Diz também uma de suas célebres histórias, que ao encontrar Alexandre - o Grande, maior e mais importante conquistador da cultura ocidental, este perguntou a Diógenes do que ele precisava.
O filósofo então, sentado ao solo, vendo que o famoso homem lhe fazia sombra com a onipotência de seus cavalos e homens disse:
“Apenas não me tires aquilo que não podes me dar”
"- Deixe-me ao meu Sol-".
E calou-se.
Diógenes foi apelidado pela população de Atenas de “cão”, porque além de um cajado e de um velho alforje, seu único pertence era uma pequena tigela de barro, onde o mesmo fazia suas raras e breves refeições.
Viram ele, certo dia, a pedir esmolas a uma estátua na praça:
“Peço porque ela é cega e não me vês.” Simples.
“E além disso me acostumo a pedir, sem nada receber.” Sábio.
Palavras de independência, palavras sensatas. Palavras perdidas.
Há certo tempo de sua vida, ele foi feito escravo e vendido. Ao ser questionado pelo seu novo dono quais eram suas qualidades e o que ele sabia fazer, respondeu de imediato: ‘sei mandar’, e gritou ao arauto: ‘Pergunta quem quer comprar um amo?”
Hoje não há mais ecos de Diógenes, não há mais espaço pra homens como ele.
Hoje além de se ter a lanterna de Diógenes, mais do que nunca é preciso também ter seu cajado.
Ah, e claro, hoje também é preciso ter fé na gente.