Paisagem da janela
O suave bailar das árvores, desenhando a grandeza do vento, além de encantar aqueles que as observava da janela, escondiam por detrás de si uma tempestade, com ruidosos trovões e o incansável cair das águas.
O vento se fazia sentir no movimento dos cabelos alvoroçados e o perfume das folhas que inundava todo o apartamento.
Da janela do meu quarto, onde recém morava, contemplava estes acontecimentos, quieta, inebriada pela beleza do momento e envolta em minha solidão.
As nuvens pesadas foram se encontrando e completando o cenário que prometia uma chuva forte.
Os primeiros pingos começaram a cair, movimentos rápidos, fazendo com que cada morador aparecesse correndo para fechar suas janelas e sacadas, impedindo que este espetáculo pudesse ser observado com a plenitude de seus elementos.
Do último andar, da janela do meu quarto, de onde podia assistir tudo com vista privilegiada, pude compreender que as coisas mais sutis, como o desenrolar de um dia chuvoso, podem ser compreendidos em sua totalidade, quando se está de coração aberto e disposto a apreciar o que a natureza nos proporciona.
Os pingos atingem minha janela, hora de cerrar as cortinas do espetáculo e deixar que a tempestade passe e a chuva cumpra o seu papel, que é de lavar as folhas, a molhar o solo e prepara-lo para as colheitas, fazendo a mesma coisa nos corações abandonados, que é lavar a alma e o coração, preparando para um novo dia.